quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Agrotóxico​s: vamos visibiliza​r o racismo ambiental?




Agrotóxicos: vamos visibilizar o racismo ambiental?
Gente amiga,
Venho convidar vcs para dar visibilidade à injustiça e ao racismo ambiental que atravessam a questão dos agrotóxicos no Brasil. A proposta é elaborarmos Cartas a partir de territórios indígenas, quilombolas, e outros povos que estão sofrendo com os venenos ou que estão construindo alternativas.
O contexto é o da construção da Etapa 3 do Dossiê Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos na Saúde, que está sendo elaborado pela Abrasco - Associação Brasileira de Saúde Coletiva, no intuito de empenhar seu potencial científico para fortalecer a Campanha contra os Agrotóxicos e pela Vida.
A iniciativa tem tido bastante repercussão na mídia e até o momento, já foram lançadas duas Etapas do Dossiê:
·         Etapa 1 - Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde, lançado durante o World Nutrition Congress em abril, no Rio de Janeiro
·         Etapa 2 – Agrotóxicos, saúde, ambiente e sustentabilidade, lançado na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) - Cúpula dos Povos, em junho, no Rio de Janeiro
A Etapa 3 terá como tema Agrotóxicos, Conhecimento e Cidadania e será lançada no X Congresso Brasileiro  de  Saúde  Coletiva,  da  ABRASCO,  em  novembro,  em  Porto Alegre. Ela está sendo construída junto com a Campanha, bastante articulada junto aos movimentos sociais do campo, principalmente camponeses. Muitas vezes a questão do racismo do racismo está presente, mas nem sempre é visibilizada: daí ser fundamental a contribuição da nossa RBJA neste momento.
Assim, se vcs são/estão em contato com territórios/comunidades atingidos pela modernização agrícola, sofrendo impactos no modo de vida, na saúde e no ambiente ou construindo alternativas a ela, animem-se a registrar esta vivência e mostrá-la ao Brasil num contexto crítico e de luta.
As orientações de como proceder estão abaixo, e já é uma construção da RBJA ao Dossiê, pois se inspira no nosso Mapa de Injustiça Ambiental e Saúde (e pode vir a contribuir com ele também).
Com um forte abraço, e à disposição para dialogar,
Raquel Rigotto
Para elaborar as Cartas, trazendo as Vozes dos Territórios
Para dar visibilidade aos conflitos causados pelos agrotóxicos e às alternativas que vêm sendo construídas pelas comunidades/movimentos do campo e ainda, para aprofundar a relação academia-movimentos, identificar experiências para relatar:
·         explicitando como vivem o problema dos agrotóxicos em seu território, e como isto é perpassado pelo racismo ambiental e/ou
·         dando visibilidade às alternativas de produção de alimentos/soberania alimentar/agroecologia que vêm construindo
Queremos trazer para o Dossiê as Vozes dos Territórios, em sua concretude, com suas cores e dores.
E queremos também criar oportunidade de diálogos que (aprofundem) aproximem pesquisadores e professores dos movimentos e comunidades, de forma a permanecer um ganho organizativo.
2. Referencias para o que deve estar nas Cartas e/ou na Contextualização delas:
A proposta é que as Cartas sejam preparadas na forma de expressão/linguagem das comunidades. Podem ser somadas a elas fotos, depoimentos, mapas sociais que a comunidade considerar importantes. Em seguida, a própria comunidade, movimentos, entidades e pesquisadores[1] dialogam para contribuir na contextualização da experiência relatada e na complementação de alguns dados/informações listados abaixo.
2.1 Comunidades atingidas pelos agrotóxicos/agronegócio
·     Identificação da Comunidade:
o        Localização: município, fazenda ou assentamento, estradas, rios, etc;
o        Quem vive nela: grupo/etnia, quantas famílias e pessoas, há quanto tempo
·     Identificação do conflito com os agrotóxicos:
o        Como o problema é vivido pela comunidade
o        Quando começou e como tem evoluído
o        Tipos de cultivos envolvidos: soja, cana, eucalipto, fumo, algodão, etc...
o        Empresas envolvidas
o        Agrotóxicos: quais os ingredientes ativos e produtos utilizados, quantidades, tipos de aplicação (costal, pulverização aérea, pivô, trator) e formas de contaminação
o        Como a comunidade percebe a contaminação da água, do solo, do ar e dos alimentos, se for o caso
o        Como a comunidade percebe a contaminação e adoecimento das pessoas – casos, sintomas, queixas, grupos mais vulneráveis
·     Quem ajuda, quem dificulta a defesa da vida e da saúde na comunidade: aliados, estratégias das empresas, o papel dos órgãos públicos (saúde, meio ambiente, assistência técnica, universidades, etc)
·     Qual o recado da comunidade para os brasileiros que vão ler sua carta no Dossiê?
·     Outros temas que achar importantes
3.2 Comunidades em transição agroecológica/construindo soberania alimentar
·     Identificação da Comunidade:
o        Localização: município, fazenda ou assentamento, estradas, rios, etc;
o        Quem vive nela: grupo/etnia, quantas famílias e pessoas, há quanto tempo
·     Contando a experiência agroecológica/soberania alimentar:
o        Como a comunidade decidiu seguir este caminho?
o         Quando começou e como tem evoluído o trabalho?
o        Atividades desenvolvidas
o        Como constroem o conhecimento necessário?
o        Como a comunidade percebe os efeitos destas práticas para o seu bem viver e para o meio ambiente?
o        Como a comunidade percebe os efeitos destas práticas para a saúde das pessoas?
·     Quem ajuda, quem dificulta a defesa da vida e da saúde na comunidade: aliados, estratégias, o papel dos órgãos públicos
·     Qual o recado da comunidade para os brasileiros que vão ler sua carta no Dossiê?
·     Outros temas que achar importantes
Prazo: o material deve chegar na equipe do Dossiê até o dia 30 de setembro.

[1] A equipe do Dossiê auxiliará na identificação e articulação de pesquisadores da área de Saúde Coletiva na região das experiências relatadas, onde ainda não houver este diálogo.
Enviado por: Raquel Rigotto 

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