Em 02 de fevereiro de 1971, na cidade iraniana de Ramsar, um acordo intergovernamental foi instituído para promover a conservação e uso sustentável e habitats aquáticos, bem como o bem-estar das populações humanas que delas dependem: a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional ou, Convenção de Ramsar. Em homenagem à sua adoção, hoje temos o Dia Mundial das Áreas Úmidas (World Wetlands Day) – uma data que busca estimular a realização por toda a comunidade internacional de ações e atividades que chamem a atenção para a importância destas áreas e para os benefícios que podem proporcionar.
Os Sítios Ramsar são zonas úmidas indicadas pelos países signatários da Convenção como áreas merecedores de maior proteção. Estas zonas fornecem serviços ecológicos fundamentais: além de regular o regime hídrico de vastas regiões, são fontes de biodiversidade; cumprem papel relevante de caráter econômico, cultural e recreativo; e ainda atendem necessidades de água e alimentação para uma ampla variedade de espécies e para comunidades humanas, rurais e urbanas.
O Brasil conta com 13 Sítios Ramsar que coincidem, intencionalmente, com unidades de conservação. Confira a lista:
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Rio Sipotiúa na Area de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses. Foto: José Augusto Faes/Wikimedia Commons
Criado em 11 de novembro de 1991, a área de proteção ambiental maranhense passou a integrar a lista dos Sítios Ramsar em 30 de novembro de 1993. Com 2.680.911 ha, o complexo sistema estuarino de ilhas, baías, enseadas e costas acidentadas é coberto principalmente por manguezais. O local é de grande importância para numerosas espécies de peixes, mariscos, aves migratórias e também para o peixe-boi (Trichechu manatus). As comunidades locais praticam pesca de subsistência.
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As garças brancas concorrem por alimentação com os pescadores no Rio Pericumã. Foto: Élison Silva de Macêdo
Por por representarem o maior conjunto de bacias lacustres do Nordeste, os 1.775.036 hectares da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baixada Maranhense integram a lista desde fevereiro de 2000. A unidade também preserva extensas áreas costeiras baixas, sazonalmente inundadas, caracterizadas por campos, florestas de galeria e manguezais ao longo da costa nordeste do Brasil. Na época das chuvas, de dezembro a julho, os campos baixos ficam alagados, restando ilhas de terras firmes e áreas de campos em terreno um pouco elevado, chamadas regionalmente de “teso”.
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Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís oferece proteção integral à fauna e flora e recifes de corais. Foto: Divulgação/MMA
Assim como a APA da Baixada Maranhense, este Parque Estadual marinho se tornou um Sítio Ramsar em 29 de novembro de 2000. Localizado a cerca de 100 milhas náuticas de São Luís, a unidade é formada por três bancos de coral ao largo da costa norte do Maranhão e abrange a área de distribuição de várias espécies de peixes endêmicas da costa brasileira. Sua área é importante para a produção pesqueira e os numeroso naufrágios em sua história tem um valor científico extremamente elevado. Embora seja uma região atraente para mergulhadores, o turismo é limitado e, por causa das correntes locais difíceis e distância da costa, é recomendada apenas à mergulhadores experientes.
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Ilha do Bananal. Parque Nacional do Araguaia. Foto: Amazon-Lodge
O Parque Nacional adentrou a Lista Ramsar em 04 de outubro de 1993 na Lista Ramsar. Sua inclusão se deu por estar inserido na Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo com 20 mil Km² de extensão (uma área equivalente à do estado de Sergipe). Um dos santuários ecológicos mais importantes do país, o local é uma área extremamente rica para aves aquáticas.
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Um bando de flamingos-chilenos, visitantes frequentes da Lagoa do Peixe. O local é um importante local para abrigo, alimentação e reprodução de aves migratórias. Foto: Roberto Dall’Agnol
Os 34.400 hectares do Parque Nacional da Lagoa do Peixe apresentam uma extensa área de planícies salinas, dunas costeiras, lagoas, lagos e pântanos que fornecem importantes locais de pouso e alimentação para um grande número de espécies migratórias. Por lá circulam 182 espécies de aves, sendo 26 delas migratórias do hemisfério norte e 5 do sul. A observação de aves é a sua principal atração turística. Formada por uma sucessão de pequenas lagoas de água doce e salobra interligadas, ela serve como um berçário natural para espécies marinhas como o camarão-rosa, a tainha e o linguado.
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Jacarés do Pantanal. Foto: Eliane Rossi
Reconhecida em maio de 1993, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense faz parte da maior zona úmida permanente de água doce no hemisfério ocidental. A área é constituída por uma vasta região de savanas sazonalmente inundadas, ilhas de arbustos xerófitos e floresta decíduas úmida. O Parque abrange algumas das maiores e mais espetaculares concentrações de vida selvagem dos trópicos e é provavelmente a zona úmida mais importante da América do Sul para aves aquáticas. Há enormes populações de uma grande variedade espécies endêmicas e migratórias que também usam a área como abrigo e alimentação.
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Pousada Uacari, Reserva de Desenvolvimento Sustetável Mamirauá. Foto: Edu Coelho/Insituto Mamirauá
A Reserva Mamirauá, localizada a cerca de 600 km a oeste de Manaus, abrange uma área de 1.124.000 hectares de floresta de várzea com vários lagos sazonais conectados por canais de drenagem naturais. Seus variados habitats aquáticos e terrestres estão em constante mudança, definidas pela dinâmica das águas na região. A variação sazonal de seca e de cheia é determinante para a flora e a fauna e toda a vida na várzea, que deve se adaptar a essa variação. Em última análise, o componente mais importante e mais dramaticamente dinâmico desse ecossistema fica por conta das águas razão pela qual foi incluída na lista de Sítios Ramsar em 04 de outubro de 1993.
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RPPN SESC Pantanal. Foto: Haroldo Palo Jr.
Em 04 de julho de 1997, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) SESC Pantanal, uma reserva privada do Serviço Social do Comércio (SESC) foi reconhecida como unidade de conservação. A extensa área de 107.996 hectares preserva uma amostra significativa e representativa das grandes áreas úmidas do Pantanal. O local, uma mistura de rios permanentes, riachos sazonais, lagos de água doce de várzea, zonas arbustivas e florestas inundadas, satisfez a todos os critérios da Convenção de Ramsar para designação como zona úmida de importância internacional, motivo pelo qual foi incluída na lista em dezembro de 2002. O local contém várias espécies ameaçadas de extinção, como a arara-jacinto (Anodorhynchus hyacinthinus) e tuiuiú (Jabiru mycteria).
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RPPN Fazenda Rio Negro. Foto: RPPN Fazenda Rio Negro/ Facebook
Parte da lista de Sítios Ramsar desde 22 de maio de 2009, esta reserva privada preserva o Pantanal de Nhecolândia, uma sub-região do bioma paisagens formadas pelo conjunto de baías e salinas, assim como pelo próprio rio Negro e suas praias, numa região tida por muitos como uma das mais preservadas e belas do Pantanal. O local hospeda mais de 400 espécies de plantas, 350 de aves e 70 de mamíferos. Entre eles destacam-se espécies ameaçadas, como a ariranha (Pteronura brasiliensis) eo cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus). As numerosas espécies de aves migratórias presentes no local o tornam muito atrativo para observadores de aves.
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Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Foto: João Ramos
A primeira unidade de conservação marinha criada no país tem a finalidade de proteger a região que registra a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul. Além de abrigar uma grande porção do maior banco de corais e biodiversidade marinha do oceano, o parque protege áreas-berçário para as baleias jubarte. A biodiversidade da região registra aproximadamente 1.300 espécies, 45 delas consideradas ameaçadas, como tartarugas-marinhas, grazinas e os atobás. Sítio Ramsar a partir de 02 de fevereiro de 2010, o Parque Nacional é a única região do planeta onde é possível encontrar o coral Mussismilia braziliensis. Suas atrações são mergulho, observação de aves, caminhadas monitoradas e, entre julho e novembro, o avistamento de baleias.
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O fim de tarde no Parque Estadual do Rio Doce proporciona um espetáculo de rara beleza. Foto: Moisés Lima
Com 35.973 hectares, o Parque Estadual é o maior fragmento de vegetação preservada da Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais. Além dos rios permanentes e sazonais, existem 42 lagoas naturais, um notável sistema lacustre que representa 6% da superfície do parque. O local hospeda 325 espécies de pássaros, pelo menos 77 dos mamíferos, variadas árvores centenárias emadeiras nobres de grande porte. O endêmico e ameaçado jacarandá (Dalbergia nigra) pode ser encontrado aqui, assim como outras espécies ameaçadas, tais como o jaguar (Panthera onca), águia Harpia (Harpia harpyja), mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii) e o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus).
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Igarapé, no Parque Nacional do Cabo Orange. Foto: Douglas Albuquerque Ferreira
O Parque Nacional Cabo Orange tornou-se Sítio Ramsar em fevereiro de 2013. A primeira unidade de conservação federal criada no Amapá compreende uma área total de 657.318,06 hectares de bioma Marinho Costeiro. O parque se caracteriza por pastagens inundadas periodicamente e permanentemente, únicas na região amazônica, assim como por seus manguezais, que atuam como “viveiros de peixes” e são vitais para a manutenção da pesca estuarina no país. O local é rico em biodiversidade, abrigando cerca de 358 espécies de aves, 19 espécies de plantas, 54 espécies de mamíferos.
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Atol das Rocas, Brasil, fotografado da Estação Espacial Internacional pela tripulação da Expedição 22. Foto: Wikimedia Commons
Criada em 05 de junho de 1979, a Reserva Biológica Atol das Rocas protege um ecossistema de ilhas oceânicas que inclui o único atol no Atlântico Sul, formado predominantemente por algas coralinas. O mais recente Sítio Ramsar brasileiro, reconhecido em 11 de dezembro de 2015, está localizado a 267 km a nordeste da cidade costeira de Natal. O Atol abriga aves migratórias, espécies ameaçadas de extinção, espécies endêmicas e um considerável número de espécies de interesse econômico, o que justifica sua grande relevância ecológica. É também um local importante para reprodução de animais como a tartaruga-verde (Chelonia mydas) e o tubarão-limão (Negaprion brevirostris), além de acomodar a maior concentração de aves marinhas tropicais da região, com uma estimativa de pelo menos 150.000 aves de 29 espécies.
Por: O ECO
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