Agrotóxicos: vamos visibilizar o racismo ambiental?
Gente amiga,
Venho convidar vcs para dar visibilidade à injustiça e ao
racismo ambiental que atravessam a questão dos agrotóxicos no Brasil. A
proposta é elaborarmos Cartas a partir de territórios indígenas, quilombolas, e
outros povos que estão sofrendo com os venenos ou que estão construindo
alternativas.
O contexto é o da construção da Etapa 3 do Dossiê Um alerta sobre os impactos dos Agrotóxicos
na Saúde, que está sendo elaborado pela Abrasco - Associação Brasileira de
Saúde Coletiva, no intuito de empenhar seu potencial científico para fortalecer
a Campanha contra os Agrotóxicos e pela Vida.
A iniciativa tem tido bastante repercussão na mídia e até
o momento, já foram lançadas duas Etapas do Dossiê:
·
Etapa 1 - Agrotóxicos, Segurança Alimentar e Saúde, lançado durante o World Nutrition Congress em abril, no Rio de Janeiro
·
Etapa 2 – Agrotóxicos, saúde, ambiente e sustentabilidade, lançado na
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20) -
Cúpula dos Povos, em junho, no Rio de Janeiro
A Etapa 3 terá como tema Agrotóxicos, Conhecimento
e Cidadania e será lançada no X Congresso
Brasileiro de Saúde
Coletiva, da ABRASCO,
em novembro, em
Porto Alegre. Ela está sendo construída junto com a Campanha, bastante
articulada junto aos movimentos sociais do campo, principalmente camponeses.
Muitas vezes a questão do racismo do racismo está presente, mas nem sempre é
visibilizada: daí ser fundamental a contribuição da nossa RBJA neste momento.
Assim, se vcs são/estão em contato com territórios/comunidades
atingidos pela modernização agrícola, sofrendo impactos no modo de vida, na
saúde e no ambiente ou construindo alternativas a ela, animem-se a registrar
esta vivência e mostrá-la ao Brasil num contexto crítico e de luta.
As orientações de como proceder estão abaixo, e já é uma
construção da RBJA ao Dossiê, pois se inspira no nosso Mapa de Injustiça
Ambiental e Saúde (e pode vir a contribuir com ele também).
Com um forte abraço, e à disposição para dialogar,
Raquel Rigotto
Para elaborar as Cartas,
trazendo as Vozes dos Territórios
Para dar visibilidade aos conflitos causados pelos
agrotóxicos e às alternativas que vêm sendo construídas pelas
comunidades/movimentos do campo e ainda, para aprofundar a relação
academia-movimentos, identificar experiências para relatar:
·
explicitando como vivem o problema
dos agrotóxicos em seu território, e como isto é perpassado pelo racismo
ambiental e/ou
·
dando visibilidade às alternativas de
produção de alimentos/soberania alimentar/agroecologia que vêm construindo
Queremos trazer para o Dossiê as Vozes dos Territórios, em
sua concretude, com suas cores e dores.
E queremos também criar oportunidade de diálogos que
(aprofundem) aproximem pesquisadores e professores dos movimentos e
comunidades, de forma a permanecer um ganho organizativo.
2. Referencias para
o que deve estar nas Cartas e/ou na Contextualização delas:
A proposta é que as Cartas sejam preparadas na forma de
expressão/linguagem das comunidades. Podem ser somadas a elas fotos,
depoimentos, mapas sociais que a comunidade considerar importantes. Em seguida,
a própria comunidade, movimentos, entidades e
pesquisadores[1]
dialogam para contribuir na contextualização da experiência relatada e na
complementação de alguns dados/informações listados abaixo.
2.1
Comunidades atingidas pelos agrotóxicos/agronegócio
· Identificação da Comunidade:
o
Localização: município, fazenda
ou assentamento, estradas, rios, etc;
o
Quem vive nela: grupo/etnia,
quantas famílias e pessoas, há quanto tempo
· Identificação do conflito com os agrotóxicos:
o
Como o problema é vivido pela
comunidade
o
Quando começou e como tem
evoluído
o
Tipos de cultivos envolvidos:
soja, cana, eucalipto, fumo, algodão, etc...
o
Empresas envolvidas
o
Agrotóxicos: quais os
ingredientes ativos e produtos utilizados, quantidades, tipos de aplicação
(costal, pulverização aérea, pivô, trator) e formas de contaminação
o
Como a comunidade percebe a
contaminação da água, do solo, do ar e dos alimentos, se for o caso
o
Como a comunidade percebe a
contaminação e adoecimento das pessoas – casos, sintomas, queixas, grupos mais
vulneráveis
· Quem ajuda, quem dificulta a defesa da vida e da saúde na comunidade:
aliados, estratégias das empresas, o papel dos órgãos públicos (saúde, meio
ambiente, assistência técnica, universidades, etc)
· Qual o recado da comunidade para os brasileiros que vão ler sua carta no
Dossiê?
· Outros temas que achar importantes
3.2 Comunidades em
transição agroecológica/construindo soberania alimentar
· Identificação da Comunidade:
o
Localização: município, fazenda
ou assentamento, estradas, rios, etc;
o
Quem vive nela: grupo/etnia,
quantas famílias e pessoas, há quanto tempo
· Contando a experiência agroecológica/soberania alimentar:
o
Como a comunidade decidiu
seguir este caminho?
o
Quando começou e como tem evoluído o trabalho?
o
Atividades desenvolvidas
o
Como constroem o conhecimento
necessário?
o
Como a comunidade percebe os
efeitos destas práticas para o seu bem viver e para o meio ambiente?
o
Como a comunidade percebe os
efeitos destas práticas para a saúde das pessoas?
· Quem ajuda, quem dificulta a defesa da vida e da saúde na comunidade:
aliados, estratégias, o papel dos órgãos públicos
· Qual o recado da comunidade para os brasileiros que vão ler sua carta no
Dossiê?
· Outros temas que achar importantes
Prazo:
o material deve chegar na equipe do Dossiê até o dia 30 de setembro.
[1]
A equipe do Dossiê auxiliará na identificação e articulação de pesquisadores da
área de Saúde Coletiva na região das experiências relatadas, onde ainda não
houver este diálogo.
Enviado por: Raquel Rigotto
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