No
relatório “Conflitos no Campo do Brasil”, relativo ao ano passado, a
Comissão Pastoral da Terra já denunciava a existência de 5.228 familias
maranhenses em acentuado conflito pela posse da terra com os grupos
empresariais Suzano Papel Celulose, Vale e MPX, que com os seus grandes
projetos já se apoderaram de quase 332 935,507 km2 do território do
nosso Estado, contando com a benevolência e até mesmo interesse de
instituições públicas e da própria política de governo. Hoje a situação é
pior e o número de famílias já pode ter duplicado. Para que se tenha
uma dimensão da nossa realidade, o poder público estadual abandonou a
agricultura familiar e condenou a própria sorte a produção de alimentos
no território maranhense. Se antes, os hortifrutigranjeiros atendiam 90%
do mercado de São Luis e de várias regiões do Estado, com certeza estão
próximos dos 100%. O sucateamento da pequena agricultura começou a
nível nacional com o então presidente José Sarney, que atendendo
interesses do agronegócio, acabou com a Embrater – Empresa Brasileira de
Assistência Técnica e Extensão Rural. Em seguida no Maranhão, a
governadora Roseana Sarney decapitou a Emater-Ma, uma empresa com mais
de 15 escritórios regionais e 125 locais, à época referência no meio
rural e que juntamente com a Sucam eram as únicas instituições
conhecidas pelas comunidades mais longínquas do Maranhão. O nosso Estado
que chegou a ser o segundo maior produtor de arroz do Brasil e avanços
na cultura do feijão , milho, mandioca e hortaliças com a assistência
técnica da Emater-Ma, perdeu tudo e nada se produz no Maranhão, a não
ser as comoditties para exportação. Os constantes conflitos agrários são
decorrentes das grandes empresas tentarem a todo custo de apossar das
terras de pequenos trabalhadores e trabalhadoras rurais e expulsá-los do
campo. As pressões não são maiores devido a presença da Igreja
Católica, da Fetaema, do Fórum Carajás e várias outras entidades da
sociedade civil organizada, que lutam ao lado dos pobres e oprimidos
como profissão de fé. Perdeu-se o número de maranhenses, que expulsos
das suas terras foram morrer nos cortes de cana no Goiás, Mato Grosso e
na região de Ribeirão Preto, em São Paulo, a maioria por exaustão. A
hipocrisia da classe política quer seja da situação ou da oposição é
marcada pelo silêncio ou gritos sem ecos, diante de uma realidade
bastante visível. Hoje temos mais de um milhão de pessoas passando fome
e na miséria no Maranhão, mas a política do engodo de construção de uma
refinaria e duplicação de uma BR estão sendo requentados e tendem a ser
plataforma de campanha em São Luis e vários municípios, muito embora o
povo já esteja mais consciente. Infelizmente quem não consegue cacife
político para recuperar um aeroporto , pode prometer o que para o povo?
Nada. Se o prestigio for utilizado para interesses particulares, não
tenhamos dúvidas que é forte e determinado, mas quando de trata de
benefícios para a população, a porca torce o rabo.
Por: Aldir Dantas
http://blog.oquartopoder.com/aldirdantas/
Nenhum comentário:
Postar um comentário