domingo, 8 de maio de 2011

Alunas do Labwick estudam espécies de raposas

Espécies são comuns no Maranhão, mas poucos são os dados bibliográficos sobre os animais.


divulgação


SÃO LUÍS - O Laboratório de Genética Molecular (Labwick) da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) está pesquisando duas espécies de raposas - Cerdocyon thous (popularmente conhecido como cachorro-do-mato, raposa, lobinho, lobete ou graxaim do mato) e Lycalopex vetulus (ou raposinha do Cerrado). O objetivo desse estudo, realizado pelas pesquisadoras Ana Paula Amorim e Fernanda Silva, é se obter dados a respeito da estruturação de populações e sobre a história evolutiva desses animais, por meio da análise molecular da diversidade genética de um segmento da região do DNA mitocondrial.



O fato de se ter poucos dados bibliográficos sobre a ocorrência das espécies no Pará, Maranhão e Tocantins (apesar de ser um animal comum na região), motivou a realização da pesquisa, cujo tema é "Variabilidade Genética em populações de raposas (Cerdocyon thous e Lycalopex vetulus) na Região Norte e sua Distribuição no Território Brasileiro". A ideia é baseada na tese de mestrado de Lígia Tchaika (orientadora do trabalho e atual diretora do Labwick), apresentada em 2006.


Graduada em Ciências Biológicas pela Uema e voluntária de 2008, Fernanda Silva explica que os canídeos chegaram a América do Sul pela Região Norte, na borda da Amazônia, e é lá que está a maior incidência deste animal, com espécies mais diversificadas. “Queremos ver se essa é, realmente, a área de maior variabilidade genética da raposa. Além do mais, estudando essa região, dá para desvendar outras possíveis espécies", revelou.


Para a realização do estudo, foram obtidas 20 amostras de raposas - todas retiradas de animais mortos nas estradas do estado e repassados pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas/Ibama) - de onde é extraído o tecido epitelial e cartilaginoso (pele e orelha), a fim de começar a análise genética.


O DNA mitocondrial é separado e passado por um processo chamado PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) para, em seguida, ser visualizado na eletroforese, local em que o material genético é colocado em uma solução gelatinosa para que se perceba sua qualidade e sua possibilidade de avanço para a próxima etapa: o sequenciamento, único momento em que o Labwick precisa pedir auxílio à Universidade Federal do Pará (UFPA), parceira do Laboratório. Só a partir deste processo é possível distinguir as espécies e fazer as análises estruturais. Uma curiosidade a respeito é que os dados evolutivos são desvendados apenas através do DNA materno.


"Fazemos um trabalho importante na Uema, para o Maranhão. Antigamente, trabalhar com genética aqui era uma realidade muito distante, pois o custo é muito alto, os reagentes são muito caros. Até um tempo atrás, ninguém sequer sabia que aqui acontecia esse tipo de estudo com material genético", afirmou Fernanda Silva.


Mesmo pensamento corroborado por por Ana Paula Amorim - outra responsável pelo projeto e voluntária no Labwick desde 2008 - acadêmica do 8º período de graduação do Curso de Ciências Biológicas na Uema. "A tendência é ampliarmos ainda mais nossas tarefas e projetos quando tivermos nosso próprio sequenciador, porque já temos uma infraestrutura boa com diversos equipamentos", comentou.


As amostragens ajudaram a tirar algumas conclusões, como o fato da região analisada mostrar-se bastante informativa para ser utilizada em estudos das espécies em questão, bem como definir parâmetros intraespecíficos para identificar tanto o cachorro-do-mato quanto a raposa do Cerrado. "Não se sabe ao certo onde eles estão. Isso é uma das coisas que tentamos descobrir. Nossa pesquisa é importante até para podermos desvendar se as espécies estão em extinção ou tem alguma dificuldade em seu habitat, só assim poderemos pensar em outros projetos capazes de preservá-las", ressaltou Ana Paula.


Fernanda Silva comentou ainda que deseja prosseguir com a pesquisa no mestrado, onde pretende estudar a morfologia do crânio desses animais - mais uma análise molecular para identificar outras espécies.


CERDOCYON THOUS: cachorro-do-mato, raposa, lobinho, lobete ou graxaim do mato.


Geralmente sua pelagem é amarelo-acinzentada para preto, apresentando o ventre grisalho com branco e uma faixa escura que se estende para a cauda e os membros. É comum no Brasil, tendo uma distribuição ampla em quase todo território (menos na Planície Amazônica). Apresenta hábito alimentar onívoro.

LYCALOPEX VETULUS: A raposinha do Cerrado

É uma espécie que só existe no Brasil, associada ao Cerrado e páreas de transição como o Pantanal. Tem pelagem cinza-escura, com as patas e a região central mais clara; é o menor canídeo (raposa) brasileiro e o mais difícil de ser encontrado. Alimenta-se sazonalmente de invertebrados, bem como pequenos mamíferos, aves, répteis e frutos.


A Família Canídea é constituída por 16 gêneros e 36 espécies. Estão presentes em florestas abertas e cerrados, muito comuns na região do Maranhão. São dispersas por se deslocarem longas distâncias em busca de alimentos, têm hábitos noturnos e crepusculares. Em geral, são ariscas, percorrem grandes distâncias, de 400 a 7 mil ha por dia e vivem 11 anos em média.


Os limites ao Norte da distribuição de C. thous e L. vetulus não são bem conhecidos, por isso a pesquisa possui esse tema. A semelhança morfológica (de características físicas) dificulta a identificação específica dos animais em campo - o que explica a necessidade de um estudo molecular.


As informações são da Secom do Estado.
http://imirante.globo.com/

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