Uma pesquisa recente da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos,
publicada no ‘Annals of Internal Medicine’ e noticiada esta semana pelo
jornal O Globo, Folha de São Paulo e agências internacionais, equiparou o
valor nutricional dos alimentos orgânicos aos cultivados pela
agricultura convencional. O resultado causou polêmica entre os
especialistas no tema.
Para Marcelo Firpo, pesquisador titular do Centro de Estudos da Saúde do
Trabalhador e Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública
Sergio Arouca – ENSP/Fiocruz, a abordagem que a mídia deu sobre o estudo
não destacou os benefícios dos orgânicos. “Até os responsáveis pela
pesquisa ressaltaram que os orgânicos são vantajosos por conter menos
resíduos químicos (quase 5 vezes menos) e estarem até 33% menos expostos
a bactérias resistentes a antibióticos”, afirmou Firpo.
Para especialistas, avaliar os produtos orgânicos apenas por seu valor
nutricional é um equívoco, pois desconsidera que eles são livres de
fertilizantes sintéticos, agrotóxicos ou sementes transgênicas,
prejudiciais à saúde. Prevenir produtos químicos comprovada ou
potencialmente perigosos à saúde já é um benefício. “Nossos alimentos
estão com muito mais agrotóxicos do que o permitido e várias dessas
substâncias já são proibidas em outros países justamente por ser
comprovado que elas causam problemas ao sistema reprodutivo, neurológico
e ainda podem causar câncer”, explica Alan Tygel, da Campanha
Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida. Para Marcelo Firpo,
pesquisador titular do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e
Ecologia Humana da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca –
ENSP/Fiocruz, a abordagem que a mídia deu sobre o estudo não destacou os
benefícios dos orgânicos. “Até os responsáveis pela pesquisa
ressaltaram que os orgânicos são vantajosos por conter menos resíduos
químicos (quase 5 vezes menos) e estarem até 33% menos expostos a
bactérias resistentes a antibióticos”, afirmou Firpo.
Além disso, o pesquisador da Fiocruz lembra que o Sistema de Agricultura
Orgânica leva em conta o respeito à natureza e questões sociais em sua
cadeia produtiva. “É importante associar os agrotóxicos ao modelo
ambientalmente insustentável e socialmente injusto dos monocultivos
dependentes químicos que caracterizam o modelo do agronegócio
brasileiro”, conclui.
A produção de alimentos orgânicos vem crescendo rapidamente no Brasil e
no mundo, graças principalmente à conscientização acerca da necessidade
de preservar o corpo e o meio ambiente dos insumos tóxicos utilizados na
produção convencional. Mas ainda é muito pequena a parcela do mercado
nacional de alimentos proveniente da agricultura orgânica, apenas 2%.
“De certa forma, isto é o resultado da própria formação agrícola, que
sempre foi convencional, e das políticas agrícolas, que não privilegiam
os benefícios ambientais e energéticos da agricultura orgânica. O
reflexo disso pode ser observado nas instituições de pesquisa, ensino e
extensão, que ainda têm dedicado poucos recursos financeiros e material
humano para o desenvolvimento da produção orgânica”, explica em estudo o
engenheiro agrônomo Moacir Darolt, doutor em meio ambiente e
pesquisador dos Instituto Agronômico do Paraná.
Por: Cariry- Portal Vermelho
www.aatijupa.org/
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