Essenciais
para a produção de frutos do mar, água doce e aves, os mangues – áreas
de florestas inundadas pelas marés – estão desaparecendo no Brasil em
decorrência do desmatamento das florestas e poluição dos mares. O alerta
é de Flavia Mochel, professora da Universidade Federal do Maranhão,
durante a palestra sobre o tema “O Mangue está na lama”, em uma alusão à
grave situação em que se encontram os mangues. Promovido pela SBPC, o
evento foi realizado ontem (20), no Armazém 4, do Pier Mauá, zona
portuária do Rio de Janeiro, durante a Rio+20.
Segundo
estima a pesquisadora, cerca de 50%, em média, dos mangues brasileiros
estão comprometidos na maioria das capitais do País.
A matéria é de Viviane Monteiro, do Jornal da Ciência e reproduzida pelo EcoDebate, 22-06-2012.
Também
presidente da Comissão Técnica sobre Manguezais e representante da
SBPC, Flavia alerta sobre a importância de conservar os manguezais que
são fontes de emprego e renda gerados pela produção de várias espécies
de peixes e frutos marinhos, como caranguejos, moluscos, siri, marisco,
ostra e camarão, dentre outros. Produzem também alimentos para aves,
como o guará, cujos ninhos são feitos no alto das árvores à beira dos
manguais e lamaçais litorâneos. Segundo ela, a destruição do mangue
interfere em toda cadeia econômica gerada pelos manguezais.
“Os
mangues produzem muitos frutos, não necessariamente frutos do mar.
Quando os mangues são destruídos se destrói também a produção de frutos
do mar. Isso afeta a economia, provocando desemprego em várias classes
de trabalhadores deste País.”, disse ela, para uma plateia composta de
estudantes, cientistas e pesquisadores.
Nascida
no Rio de Janeiro, a pesquisadora declarou que o guará foi extinto na
cidade na década de 1960 e o caranguejo corre o mesmo risco de extinção
diante da poluição marítima, desmatamento, erosão e habitação em áreas
irregulares. Essa tendência é seguida pelos litorais de São Paulo
(Santos) e Salvador. No Maranhão, onde concentra a maioria dos mangues
do Brasil, há uma redução significativa dessas áreas úmidas, segundo
alertou. Conforme ela, os mangues são os ecossistemas mais vulneráveis
às alterações climáticas.
Código
Florestal – De acordo com Flavia, tal situação pode ser agravada pela
nova Legislação Ambiental do Brasil que estabelece percentuais de
desmatamento de áreas florestais preservadas, abrindo margem para o
desmatamento legalmente de mangues. Reforçando a opinião de outros
cientistas, ela destaca que os mangues são Áreas de Preservação
Permanente (APPs).
Ela
considera um absurdo o texto do Código Florestal, em andamento,
permitir, nas áreas dos manguezais, a construção de tanques para o
cultivo predatório de espécies exóticas de camarão para atender ao
mercado, permitindo a destruição dos outros frutos marinhos. “Essa não é
uma produção de alimentos sustentáveis”, disse.
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