Ruralistas vão propor “área de preservação mundial” na Rio+20
SÃO PAULO - A senadora Kátia Abreu
(DEM-TO), líder dos ruralistas no Senado, afirmou que lançará, na
Rio+20, uma proposta de criação de um conceito mundial de APP (Área de
Preservação Permanente) nas margens dos rios.
A ideia é que as APPs, que servem para proteger as matas ciliares, sejam incorporadas por produtores rurais de todo o mundo.
Segundo Abreu, durante a Rio+20 será
realizado um debate com cientistas para definir o conceito da “APP
mundial”. Entre eles, especialistas da Embrapa (Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária), da Agência Nacional de Águas e pesquisadores
internacionais.
“As pessoas discutem questões
relacionadas ao acesso à água, mas ninguém debate a necessidade de
preservação das fontes da água. Sobre esse tema, a ideia é debater o
conceito e não a questão das metragens”, disse a senadora, que é
presidente da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil).
Mas as APPs, que funcionam como um
mecanismo de proteção natural contra erosão nas margens dos rios, não
são consenso nem no Brasil. O tema é uma das maiores fontes de
discordância nas discussões da reforma do Código Florestal.
A presidente Dilma Rousseff vetou o
texto do Código que limitava a recomposição das matas às margens dos
rios a 15 metros. A Medida Provisória editada para suprir os vetos
propõe que as áreas a serem recuperadas nas margens de rios sejam de 5
metros (pequenas propriedades) até 100 metros, nas maiores fazendas.
Segundo Kátia Abreu, a bancada ruralista
vai propor que a metragem de mata ciliar a ser recomposta com vegetação
nativa seja definida pelos Estados individualmente.
“Por que não mandar para os estados a
análise da margem de rios? Existe um preconceito para resolver isso por
medo de que os estados desmatem, e temos que lutar contra isso”, disse a
senadora.
VITRINE
Com um stand de 1.900 metros quadrados
no Píer Mauá, um dos espaços que o governo disponibilizou para eventos
paralelos à Rio+20, as entidades ligadas ao agronegócio pretendem
mostrar aos visitantes as ações de sustentabilidade do setor.
O espaço, batizado de AgroBrasil,
desenvolvido pela CNA e a Embrapa, será uma “vitrine” para as
tecnologias que podem ser usadas pelos produtores rurais do país, em
cada um dos principais biomas brasileiros.
Também na Rio+20, a entidade pretende
pleitear uma política de “governança climática” que garanta a
comercialização de créditos de carbono oriundos da atividade rural.
“Queremos fazer do aquecimento global uma oportunidade de negócio.
Quando tudo isso se transformar em ativo, a preservação ambiental será
voluntária”, disse Abreu.
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