Fransoufer abre hoje, na Galeria Maggiorasca, a exposição Santosacro, em cartaz até o dia 8 de janeiro; mostra é uma retrospectiva da carreira
Uma retrospectiva da carreira do artista plástico Fransoufer por meio de suas pinturas é o mote da exposição Santosacro, que ele inaugura hoje, às 19h30, na Galeria Maggiorasca (Av.Litorânea). A mostra fica em cartaz até o dia 8 de janeiro.
São 30 quadros provenientes do acervo pessoal de Fransoufer que narram a trajetória do artista desde a década de 1970, quando iniciou sua carreira com o estilo figurativismo regional ao qual se mantém fiel até hoje. As telas foram selecionadas pelo artista, que tem em sua casa um acervo de quase 400 quadros. “Sou organizado com minhas coisas e costumo guardar todos os quadros que não vendo, construindo, assim, um acervo pessoal que dá uma mostra de minha carreira”, diz Fransoufer.
Para que o expectador possa ter uma amostra dos 40 anos de trabalho do artista, a exposição reúne telas como Mudanças, pintada em 1974. O quadro, em óleo sobre tela, remete ao início da carreira do pintor, que também é escultor. “Esta tela é uma das primeiras pinturas que expus”, relembra Fransoufer.
Desta mesma década está a tela São Francisco, também em óleo sobre tela, datada de 1978. O santo, aliás, é constantemente retratado pelo artista, que o caracteriza com contornos mais nordestinos, ora salvando os animais em extinção, ameaçados pelas queimadas, levados pelas enchentes, ora protegendo-os da sanha dos caçadores. “Antes de nascer, minha mãe pediu a São Francisco um parto tranquilo e se o filho viesse com saúde, colocaria em mim o seu nome. E assim foi feito”, relembra o pintor, justificando sua devoção franciscana.
Dos anos 1980, destaque para a obra São Gonçalo e o bumba meu boi, de 1982, cuja técnica é colagem e óleo sobre tela. “Alguns de meus trabalhos são feitos em técnica mista, mas a maioria das telas dessa exposição é feita em óleo sobre tela”, diz Fransoufer.
Com mais de 100 exposições individuais no currículo, o artista começou a carreira aos 15 anos, quando fez a primeira mostra em São Luís. Desde então, o trabalho foi sendo aprimorado e hoje Fransoufer considera que seu trabalho atingiu o amadurecimento. “Tenho um estilo próprio, mas não estagnei, fui evoluindo meu trabalho de forma muito natural, como acontece com a maioria dos artistas”, acredita o pintor.
Durante a sua trajetória, o maranhense passeia com desenvoltura por duas principais temáticas que estão presentes não só em suas telas, mas também nas esculturas. Trata-se da cultura popular e da religiosidade. Esta última foi a escolhida para compor esta exposição pelo fato da proximidade com o Natal.
Trajetória – Fransoufer nasceu Francisco Sousa Ferreira, no município de Bequimão, Baixada Maranhense. Morou em Brasília, onde se tornou amigo do pintor Jô Campos, que o orientou na busca por um estilo diferente, mais compreensível e aceitável pelos seus conterrâneos, que ele acreditava serem potenciais compradores.
Cenas do folclore maranhense que povoam as recordações da infância vivida no interior, bem como o catolicismo popular que ganhava forma em meio às ladainhas e procissões, tomam forma pelas mãos do artista que faz questão de manter os laços que o une a sua gente. “Tudo isso faz parte de minha vida e desde pequeno traduzo isso por meio da arte”, comenta Fransoufer, relembrando que as primeiras exposições foram mostras coletivas ao lado de outros jovens artistas.
Ainda na década de 1970, de volta ao Maranhão, conheceu o pintor húngaro Nagy Lajos, “que influenciaria decisivamente sua carreira, ensinando-lhe o manusear do pincel e da espátula, a dosar as cores, a usar a luz, a desvencilhá-lo das formas anatômicas, atreladas ao estilo clássico e libertá-lo das amarras das escolas, seguidas pela maioria dos colegas maranhenses, adotando um estilo próprio por meio do qual pudesse melhor expressar-se”, escreve, em texto sobre o artista publicado em 2011, pela escritora Moema de Castro Alvim.
Temas como procissões de romeiros, casamentos na roça, violeiros, vendedores de pamonha e figuras ligadas ao universo do bumba meu boi são comuns em sua obra, que apresenta cores fortes a exemplo do azul, vermelho e dourado. Cidades como Brasília, Goiânia, Cuiabá, Fortaleza, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Belém, Teresina e Imperatriz já receberam exposições de Fransoufer.
Carla Melo
Do Alternativo / O Estado do Maranhão
Do Alternativo / O Estado do Maranhão
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