sábado, 1 de dezembro de 2012

Prêmio Fapema 2012”: pesquisa sobre Assoreamento em Ambientes Costeiros

Série “Ganhadores do Prêmio Fapema 2012”: pesquisa sobre Assoreamento em Ambientes Costeiros
Dando continuidade à série de reportagens, vamos conhecer a pesquisa do graduado no Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistema da UFMA, James Werllen Azevedo (à esq.)







SÃO LUÍS - A costa brasileira e as de outros países foram ocupadas sem levar em conta a dinâmica costeira, e mediante estas intervenções antrópicas fez surgir nas últimas décadas graves problemas de assoreamento e erosão nestas áreas. A seguinte afirmação é recém graduado no Mestrado em Sustentabilidade de Ecossistema da UFMA, James Werllen Azevedo, um dos premiados pela Fapema este ano. Em sua dissertação de mestrado, intitulada Assoreamento em Ambientes Costeiros e Seus Efeitos sobre a Sustentabilidade Ambiental: Estudo de Caso da Embocadura Estuarina de São Luís – MA, ele analisou as intervenções que provocaram alterações no equilíbrio sedimentar e na configuração natural da área dos rios Anil e Bacanga.

Premiado nas áreas de Ciências Exatas e Engenharia, o estudo avaliou a influência do processo de assoreamento na embocadura estuarina de São Luís no comprometimento da sustentabilidade ambiental local. “A área analisada vai da Ponta da Guia até a Ponta da Areia compreendendo os braços de mar dos rios Bacanga e Anil, localizada na margem leste da Baía de São Marcos. Nós verificamos a evolução morfológica a partir da digitalização e vetorização das cartas náuticas de 1947, 1966, 1974 e 1984, levantamentos batimétricos realizados em 2006, pela VALE, e imagens de fotos aéreas datadas de 2011. Além disso, nos preocupamos em associar os cenários de assoreamento ao comprometimento da Sustentabilidade Ambiental, Econômica e Social da área”, explica James.

Os resultados indicaram um processo de preenchimento sedimentar que coincide com as principais intervenções, que ocorreram na foz dos rios Anil e Bacanga. Segundo a pesquisa de James, o cenário futuro da embocadura estuarina de São Luís sinaliza um fluxo reduzido na renovação da água dos estuários devido ao seu assoreamento, evidenciando uma redução na capacidade de transporte de sedimento e na diluição dos valores de concentração em todos os padrões de drenagem, comprometendo a sustentabilidade ambiental, econômica e social das bacias hidrográficas dos rios Anil e Bacanga.

Para verificar como os processos de preenchimento sedimentar comprometeriam a sustentabilidade ambiental na área de estudo, foi avaliado, primeiramente, a evolução dos cenários, e como estes poderiam modificar o ambiente, tanto do ponto de vista físico, quanto do biótico e social. Posteriormente, foi analisado e discutido como essas mudanças comprometeriam a sustentabilidade ambiental da embocadura estuarina de São Luís, associando as dimensões ambiental, social e econômica da sustentabilidade com os cenários de assoreamento.

Os dados analisados, mediante a avaliação das cartas náuticas, demonstraram que a partir da década de 1960 se iniciou um desequilíbrio do balanço sedimentar da Embocadura de São Luís, afetando inclusive regiões adjacentes, como no caso da praia da Ponta da Areia, que teve seus processos litorâneos modificados. Esse desequilíbrio coincidiu com certas intervenções realizadas nos estuários que contornam a embocadura, sendo a principal delas a implantação da Barragem do Bacanga. Estas obras reduziram significativamente o volume de água que adentra o estuário do Anil e do Bacanga, trazendo como consequência a redução das vazões e velocidades das correntes de maré.

Segundo James, a pesquisa mostra como é preocupante e comprometedor os processos de assoreamento na Embocadura Estuarina de São Luís, o que leva à necessidade urgente de grandes intervenções nestas áreas. “A região de estudo apresenta hoje uma obra denominada de Espigão Costeiro, que apresenta como objetivo promover o engordamento da praia nos pontos onde ocorre erosão, e induzir a erosão nos locais onde ocorre o assoreamento. Isto impõe a necessidade de monitorar a dinâmica da foz do Anil e Bacanga após a implantação desta obra, de modo a verificar se as taxas de assoreamento estão diminuindo ou causando estabilidade no balanço sedimentar da área”, destaca.

A pesquisa aponta ainda que, com a revitalização do turismo, a dinamização dos portos, o grande interesse pela ocupação da zona costeira e o desenvolvimento urbano previsto para o Centro Histórico de São Luís, faz-se necessária maior interação entre as instituições responsáveis pelas políticas de uso e ocupação racional do solo em áreas de ecossistemas frágeis e as instituições de pesquisas, para incrementar os instrumentos de gestão costeira, além de impedir ou ordenar as intervenções nas proximidades do litoral. Com isto, como mostra o estudo, será possível fazer uma projeção do equilíbrio natural destas áreas.

Legenda da foto: James Werllen Azevedo e seu orientador, Antonio Carlos Leal de Castro, ao lado dos reitores da UEMA, José Silva Oliveira, e do IFMA, Francisco Roberto Brandão 

www.ufma.br

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