sábado, 1 de dezembro de 2012

Óleo de Babaçu: potencial adjuvante na imunização com ovalbumina

Série "Ganhadores do Prêmio Fapema 2012": Área biológicas recebe a categoria Dissertação de Mestrado
Mayara Cristina Pinto (à esq.) é a única pesquisadora da área de Biológicas premiada na categoria Dissertação de Mestrado







SÃO LUÍS – Com o tema Ciência, Tecnologia e Cultura para o Desenvolvimento Sustentável do Maranhão, o Prêmio Fapema 2012 premiou 39 pesquisadores, dentre eles, estudantes e professores da UFMA. A intenção foi reconhecer o talento dos pesquisadores locais, estimulando a divulgação científica e tecnológica do Maranhão. Por isso, elaboramos uma série de reportagens para apresentar alguns dos trabalhos premiados e deixar o leitor por dentro das pesquisas desenvolvidas e a iniciativa destes pesquisadores que contribuem para o fortalecimento dos estudos científicos no Estado junto à Universidade.

Única pesquisadora da área de Biológicas premiada na categoria Dissertação de Mestrado, Mayara Cristina Pinto da Silva foi uma das cinco premiadas na categoria. O resultado é fruto da pesquisa desenvolvida no Mestrado em Ciências da Saúde, com a dissertação Óleo de Babaçu: potencial adjuvante na imunização com ovalbumina, que buscou caracterizar o óleo de babaçu quanto ao seu perfil imunológico. A atual mestre conta que a ideia de pesquisar sobre o babaçu é antiga. “Participo do Laboratório de Imunofisiologia da UFMA e lá nós trabalhamos com produtos naturais com utilidade farmacológica. Dentre eles, o babaçu é tido como o carro-chefe do laboratório. A partir daí, nós sentimos a necessidade de estudar mais essa palmeira, ver o que ela tinha ainda mais a oferecer, e, por isso, começamos a estudar o óleo do babaçu. E, como ele tem esse aspecto oleoso, nós começamos a fazer pesquisas pré-clínicas para descobrir suas outras potencialidades, indagando sobre sua ação adjuvante”, relatou.

Defesa Orgânica Natural

Mayara explica que os adjuvantes são matérias primas que permitem uma melhor absorção, facilitando a ação do medicamento. “Os adjuvantes são utilizados em medicamentos, para melhorar a absorção e, no caso do óleo de babaçu, ele foi utilizado para o objetivo de vacina. O antígeno sozinho não consegue induzir uma boa resposta, e por isso, ele necessita de um auxiliar, um adjuvante, que nesse caso, é o óleo de babaçu. Como o óleo possui a capacidade de direcionar a resposta imune, ele melhora essa resposta, fazendo com que seja mais duradoura, e não tenha necessidade de repetições, de mais doses de vacina. Em apenas uma dose, ela vai ter capacidade de ativar o sistema imune”, justificou.

No trabalho, foi avaliada a composição de ácidos graxos do óleo de babaçu e o seu potencial adjuvante. A pesquisa foi realizada em laboratório, a partir de testes pré-clínicos com camundongos, que foram imunizados com vacinas, utilizando o óleo de babaçu misturado a um antígeno. Em seguida, a estudante avaliou os parâmetros para saber como essa imunização funcionaria. Os resultados mostraram que o óleo de babaçu pode ser um bom adjuvante, com grande eficácia no que tange à produção de anticorpos e a produção de citocinas, atividades que tornam o óleo um importante alvo para a prospecção de produtos e compostos com ação adjuvante.

Segundo o estudo, o óleo de babaçu apresenta vantagens quando comparado aos outros adjuvantes, pois apresenta ampla disponibilidade, baixo custo de fabricação, facilidade de formulação e baixa toxicidade, sendo, inclusive, comercializado como alimento. Pesquisas como essa, desenvolvida por Mayara, são relevantes, não somente enquanto investigação científica, mas também pela importância social e biológica, pois aponta para a agregação de valor ao babaçu e aos bioprodutos obtidos a partir da palmeira, que é um importante recurso natural para a economia regional e nacional. “Ao escrever o trabalho no Prêmio Fapema, eu tive a preocupação com relação à importância, que é não só biológica, mas também social para toda a população. Porque estamos agregando valores a esse produto de uma palmeira que é nativa aqui do Estado. E, esse é um trabalho que vem trazer consequências boas não só pra mim como pesquisadora, por estar recebendo um prêmio, mas para toda a sociedade que vai estar conhecendo mais ainda a respeito desse bioproduto”, pontuou. 

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