Depois de os indígenas Gamela iniciarem retomada de seu território, grilado pelo latifúndio no Maranhão, iniciou-se um processo de perseguição e intimidação, com pistoleiros chegando a efetuar disparos em direção ao acampamento que foi montado para assegurar o Território.
Nesta quinta-feira, 3, houve reunião entre apoiadores do Movimento Gamela e representantes do Governo do Maranhão e da Funai, ratificando a necessidade de o órgão de política indígena do Governo Federal acelerar o processo de reconhecimento e demarcação do Território, há muito tempo reivindicado. Ficou marcada uma ida dos movimentos sociais e de representantes de órgãos públicos ao local do acampamento neste sábado, dia 5.
Representantes de movimentos sociais, sindicais e comunitários que desejarem se juntar a essa visita em apoio aos Gamela deverão estar às 9h da manhã de sábado em frente à Catedral da Cidade de Viana, na Baixada Maranhense, para de lá saírem juntos em direção ao Acampamento.
Além disso, foi publicada uma Carta de Apoio e Solidariedade aos Gamela, subscrita por quase cem organizações, que segue abaixo:
Nota em solidariedade ao povo indígena Gamela
Nós, entidades, associações, movimentos sociais e comunidades declaramos apoio e solidariedade ao povo indígena Gamela, que iniciou no dia 30/11, a retomada de parte do seu território tradicional, que se encontrava aprisionado e grilado por latifundiários, no município de Viana/MA, fato há muito denunciado sem que as autoridades tenham tomado providências.
Somos testemunhas que desde 2013 esse povo vem num processo de insurgência, lutando pela recuperação de sua identidade e do seu território. Essa luta, legítima, não vem sendo respeitada pelo governo federal, por meio da Funai, que tem obrigação legal de fazer a regularização fundiária dos territórios indígenas, uma obrigação prevista na Constituição Federal. Dessa forma, os indígenas empreendem ações próprias, colocando em risco até mesmo suas vidas.
A retomada de parte do território tradicional é um ato insurgente, que mexe com grupos que historicamente dominaram e dominam o poder político e econômico naquela região.
Repudiamos as ações que estão sendo praticadas pelos fazendeiros depois da retomada como:
1. Ameaças de morte, com possível lista de nomes das principais lideranças do povo;
2. Contratação de milícias;
3. Disparo com arma de fogo contra o acampamento;
4. Intimidação de indígenas nas comunidades para entregar informações;
5. Aliciamento de jovens com promessa de emprego nas cidades (Viana, Matinha e São Luís), sem a garantia de direitos trabalhistas, jornadas de trabalho excessivas.
6. Desmatamento dos recursos naturais e destruição de espaços sagrados e simbólicos de culto, cura, ervas medicinais e de alimentação, fundamentais à sobrevivência física e cultural do povo.
Diante dessa situação, exigimos que a Funai crie imediatamente o Grupo de Trabalho para estudo da terra indígena Gamela; que o Governo do Estado garanta a segurança do povo nesse momento de tensão e conflito.
Fazemos o canto do povo Gamela o nosso canto de libertação:
“Vamos minha gente jogar flecha no ar, vamos cortar os arames e a terra libertar”
Somos todos Gamela!
São Luís, 03 de dezembro de 2015
Assinam esta Carta:
Conselho Indigenista Missionário – Cimi/MA
Comissão Pastoral da Terra- CPT/MA
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Questões Agrárias – NERA/UFMA
Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu- MIQCB
Movimento Quilombola do Maranhão - MOQUIBOM
TEIA de Povos e Comunidades Tradicionais do Maranhão
Grupo de Estudo modernidade, Desenvolvimento e Meio Ambiente- GEDMMA/UFMA
Sindicato dos Bancários - Maranhão
Fórum Maranhense de Mulheres
Sintrajufe/MA
CSP CONLUTAS
Associação dos Servidores Estaduais de Trânsito do Maranhão – ASSETRAN
Território Quilombola Vivo/Santa Helena-MA
Movimento Mulheres em Luta
Executiva Nacional dos Estudantes de Serviço Social – ENESSO – Região 1
Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe
Centro de Estudos Bíblicos - CEBI/MA
Comunidades Eclesiais de Base - CEBs/MA
Secretaria Regional Nordeste 5 – CNBB N5
Pastoral da Criança – Maranhão
CÁRITAS/MA
CPT Diocesana/Coroatá
Associação dos Remanescentes de Quilombo da Comunidade Gurutil -Mirinzal MA
Fundação Barros - Tocantins
CPT- Prelazia do Marajó/PA
Quilombo Nazaré – Serrano/MA
Quilombo Santa Rosa – Serrano/MA
CPT Diocesana de Óbidos – PA
Laboratório de Estudos e pesquisas Agrarias e Campesinato (LEPEC/UFPE)
Povo Terena/MS
Associação Nacional de Ação Indigenista - ANAÍ
Núcleo de extensão e pesquisa om populações e comunidades Rurais, Negras Quilombolas e Indígenas / NURUNI
Irmãs de São José de Cambery
CRB/ Núcleo Balsas
CRB/ Regional Maranhão
Programa de Assessoria Jurídica Universitária Popular- PAJUPE
Centro Acadêmico de Geografia “29 de Maio” - CAGEO/UFMA
Quilombo Brasília /Serrano – MA
Congregação Irmãs de Notre Dame de Namur
Quilombo Açude/Serrano -MA
Quilombo Mariano dos Campos/ Serrano – MA
Quilombo Frechal dos Campos/Serrano – MA
Quilombo Cabanil/Serrano – MA
Território Quilombola Rio do Curral (Maiabi, Aranha, Rio do Curral, Cedral, Mata de Pantaleão)
Movimento Nacional de Mulheres Camponesas
Povo Krenyê
Povo Guajajara TI Pindaré
Pastorais Sociais Regionais/MA
Território Quilombola do Charco/São Vicente Ferrer-MA
Território Quilombola Cruzeiro/Palmeirândia-MA
CPT-Pinheiro -MA
Quilombo Engole/Cedral-MA
Território Quilombola Periumã/Bequimão-MA
Território Quilombola Pau Pombo/Santa Helena-MA
Território Quilombola Benfica/ Santa Helena-MA
Território Quilombola Santa Tereza/Mirinzal-MA
Território Quilombola Engenho do Meio/Mirinzal-MA
Paróquia Santa Luzia/Turilândia-MA
Paróquia Divino Espírito Santo/Mirinzal-MA
Território Periuma/Peri Mirim-MA
Coordenação das Organizações e Articulações dos Povos Indígenas no Maranhão -COAPIMA
Quilombo Urbano / São Luís - MA
Povo Tremembé/Raposa-MA
Território Quilombola Conceição/ Bequimão-MA
Território Quilombola Suassuí/Bequimão-MA
Território Quilombola Juraraítá/ Bequimão-MA
Território Quilombola Ramal do Quindiua/Bequimão-MA
Paróquia São Sebastião/ Peri Mirim-MA
Seminário Dom Ungarelli/ São Luis-MA
Paroquia Santo Antônio de Lisboa/ Palmeirândia-MA
Paroquia Nossa Senhora da Conceição/Central-MA
Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos Carmem Bascaran/Acailandia-MA
Coordenação das organizações Indígenas da Amazônia Brasileira - COIAB
Associação Pyngatiji da Aldeia Noa Jerusalém-MA
União de Moradores do TAIM/ São Luís-MA
Associação de Pais e Mestres Indígenas Guajajara – APMIG
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos -SMDH-MA
Território Quilombola da Ponta/ Serrano-MA
Associação de Professores da Universidade Federal do Maranhão –APRUMA – Seção Sindical do Andes – Sindicato Nacional
Articulação das CPTs do Cerrado/Goiânia-GO
Paróquia Santo Antônio e Almas/Bequimão-MA
Povo Indígena Ka'apor-MA
Coletivo Mandacaru
Jornal Vias de Fato
Observatório de Políticas Públicas e Lutas Sociais
Associação Indígena Comunitária Wirazu - TI Caru-MA
Núcleo de Estudos Geográficos NEGO- UFMA
Fórum Carajás
Nenhum comentário:
Postar um comentário