Fogo continua cercando terras indígenas no Maranhão, e está a TRINTA MINUTOS das ALDEIAS AWÁ; Número de brigadistas é insuficiente, o que denota que a questão grave não está recebendo atenção devida pelas autoridades.
Acompanhe os relatos a seguir, feitos pelos indígenas e pela equipe do Cimi/MA (Conselho Indigenista Missionário), que está junto com os povos afetados
· Os homens Awa não têm ido caçar, pois há fogo em todas as direções e estão impossibilitados de prover alimentação para suas famílias. “As crianças pedem carne quando voltamos do combate ao fogo. Respondo, não tem minha filha, só fogo” (Inajã Awa). As mulheres estão tristes com a destruição de áreas de frutos e de caça, os rios estão secos e os peixes, mortos. A fome já preocupa.
SOBRE FOGO NA TERRA INDÍGENA CARU
No sábado foi realizado sobrevoo nas Terra Indígenas, Caru, Awa. A Terra Indígena Caru, no Maranhão, está cercada pelo fogo: há um arco de fogo vindo das Terras Indígenas Alto Turiaçu e Awa (a Sudoeste) para a T.I Caru, de grande dimensão.
Existem 100 indígenas Guajajara, 45 brigadistas da Prevfogo, 5 bombeiros, 30 Awa, e 60 não índios, estes últimos estão atuando no combate ao fogo, que se aproxima da aldeia Tiracambu (do povo Awa Guajá).
Há apenas um helicóptero do IBAMA que estava na TI Awa e Alto Turiaçu. Ontem ele chegou na TI Caru para fazer levantamento do incêndio e estratégias de combate na TI Caru. Pelo que o cacique da aldeia Maçaranduba informou, o fogo que é visto tanto de cima como por baixo, não é possível de ser controlado com esse número de pessoas, o que é grave. É necessário o envio de mais pessoas e aeronaves. Ele informa que o atual contingente está distribuído em três frentes de atuação na Terra Caru: região norte da aldeia Maçaranduba, na região sul (Água Branca) e uma frente na região da Aldeia Awa.
“Daqui não temos conhecimento se o IBAMA tem noticiado a proporção do incêndio na TI Caru”, relata a equipe do Cimi, que informa ainda que o incêndio já comprometeu metade da terra.
Entre os Awá, o fogo está a 30 minutos das aldeias, e tem sido combatido por homens e mulheres. Os incêndios que já foram controlados voltam a ocorrer no mesmo local. Os homens Awa não tem ido caçar, pois há fogo em todas as direções e estão impossibilitados de prover alimentação para suas famílias. “As crianças pedem carne quando voltamos do combate ao fogo. Respondo, não tem minha filha, só fogo’, diz Inajã Awa. “As mulheres estão tristes com a destruição de áreas de frutos e de caça, os rios estão secos e os peixes, mortos. A fome já preocupa”, alerta Madalena Borges, do Cimi.
Segundo o cacique Antônio Wilson Guajajara, o incêndio é criminoso, colocado pelos madeireiros e outros invasores. Uma comprovação é a localização de fogo no centro da mata. Os Awa acreditam que os locais de coletas dos Awa isolados (um dos últimos povos coletores isolados do mundo) já foram todos queimados. Não há informações sobre esses grupos.
A liderança Tatuxa’a Awa está desde do início do incêndio, juntamente com grupo de 10 Awa tentando combater o fogo desesperadamente sem ajuda do Estado: a ajuda chegou somente depois de passado um mês da Terra queimando, e só veio por conta das pressões dos indígenas, de Instituições da Sociedade Civil e Internacional, e de apoiadores da causa indígena.
Os Awa Guajá têm seu modo de vida baseado na caça e na coleta, e vivem exclusivamente da floresta. Esse modo de vida está comprometido se esse incêndio não for controlado logo. “Presenciamos a tristeza de um povo, em razão da fome que ronda essas comunidades por causa do fogo. Em razão da inoperância do Estado Brasileiro por falta de uma Política de Proteção Territorial, em razão da falta de monitoramento dos focos de fogo nas Terras Indígenas, mesmo depois do que aconteceu com a TI Araribóia, também no Maranhão, que teve metade da área queimada por conta da demora do Estado Brasileiro para agir”, desabafa Madalena.
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