O Ministério do Meio Ambiente convocou a imprensa às 18h desta quinta-feira (27/11) para divulgar às 18h30 a taxa anual de desmatamento na Amazônia. Em um ano, o desmatamento cresceu 16%, chegando ao patamar de 5.843 km² de floresta derrubada, contra 5.012 km² registrado no ano passado. Desde 2008, a taxa de desmatamento tem caído quase todos os anos, com exceção de 2013, quando o desmate sofreu um pico de aumento de 28%.
Na coletiva, a ministra Izabella Teixeira cobrou a atuação dos estados, disse que o governo federal fez de tudo ao seu alcance para que o desmatamento diminuísse esse ano e considerou intolerável a volta do corte raso em grandes extensões de terras.
“Do nosso ponto de vista, é inaceitável, tendo em vista os investimentos que nós fizemos para aperfeiçoar a gestão ambiental nos estados, que a gente ainda tenha esse tipo de situação, com picos de desmatamento, mesmo que menor do que era no passado”, afirmou a ministra.
Segundo Izabella, não houve corte orçamentário na área de fiscalização do Ibama, que aumentou em 31% os esforço de fiscalização do órgão.
Apesar do aumento, essa é a terceira menor taxa de desmatamento da história, desde que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais começou a monitorar o desmatamento, em 1988.
Estados
O aumento do desmate está concentrado em três estados: Amazonas, que teve aumento de 54%; Mato Grosso, com 40% e Rondônia, com 41%. Os aumentos levaram o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a notificar os três Estados para apresentarem, em 60 dias, os dados do desmatamento autorizado. Só assim, o Ministério do Meio Ambiente poderá entender qual desses desmates que aparecem nos polígonos foram autorizados e quais são ilegais.
"Não é uma notícia que eu gostaria de noticiar, eu trabalhei muito para não ter isso. E me frusto com os estados que assumiram os compromissos que eles bancaram comigo. Estou absolutamente chateada, porque eles assumem um compromisso, nós alocamos recursos, trabalhamos e temos isso [aumento do desmatamento]", afirmou.
A ministra telefonou para os governadores dos três estados para cobrar os compromissos assumidos de liberar os dados para o governo federal.
Em números absolutos, o Pará mantêm a liderança de maior desmatador, com 1881 km² desmatados, embora esteja diminuindo o ritmo de destruição nos últimos dois anos.
A causa central do aumento do desmatamento na Amazônia ainda é a conversão da floresta para virar pasto ou área plantada.
“Está ocorrendo uma mudança no perfil das áreas desmatadas: Antes havia um desmatamento pulverizado. mas agora estão desmatando em grandes áreas”, afirmou Izabella.
Ainda segundo a ministra, existe um acréscimo na supressão de vegetação no entorno de áreas protegidas, principalmente terras indígenas. “É indício de esquentamento de madeira", avaliou.
COP 21
O governo manteve a tradição de divulgar os dados do desmatamento próximo do início da Conferência das Partes do Clima, que esse ano acontece na França. A divulgação dos dados antes da conferência da ONU acontece desde a COP 13, em Bali, ainda durante a gestão de Marina Silva no Ministério do Meio Ambiente.
Izabella Teixeira afirmou que os números atualizados não mudam o cálculo de emissões do país e que o aumento não será motivo de constrangimento da equipe brasileira nas mesas de negociações.
“O aumento está dentro da média de oscilação. Se tivesse subido para 10 mil km² eu estaria preocupada”, afirmou.
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