No ano passado, nessa mesma data, organizações da sociedade civil, academia e governos, se reuniam no Rio de Janeiro, nas prévias da Conferencia Mundial do Desenvolvimento Sustentável, mais conhecida porRio+20.
Via-se ali milhares de pessoas discutindo a importância da preservação dos mares e dos oceanos no mundo todo. Via-se ali, ativistas, militantes e pessoas comprometidas com um grande volume de água salgada que cobre simplesmente 70% do planeta Terra.
Os oceanos são fonte de vida e exercem um papel fundamental na vida de 7 bilhões de seres humanos. Muitas pessoas dependem diretamente dos oceanos para alimentação, lazer, deslocamento e também para sua sobrevivência. Nas palavras de Irina Bokova, diretora-geral da Unesco: “Os oceanos são um recurso incomparável, pois eles tornam todo o resto possível. Sua imensa diversidade biológica contribui para a beleza do mundo, e nós devemos aliar nossas forças para protegê-los”.
Era esse o objetivo de todas aquelas pessoas, comprometidas, reunidas no Dia dos Oceanos, um ano atrás, na cidade maravilhosa – exigir ações efetivas para proteção. O texto final, acordado por consenso pelos representantes governamentais presentes, ficou vago. Trouxe uma série de considerações e reafirmações, mas pecou pela generalidade e falta de compromisso dos governos. Decepcionou e adiou as ações efetivas para 2015.
Vazio depois da Rio+20
“de lá para cá, nada mudou. Nenhuma Unidade de Conservação de proteção integral marinha foi criada”
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Mas, de lá para cá, nada mudou. Nenhuma Unidade de Conservação de proteção integral marinha foi criada, a desgovernança pesqueira continua levando estoques de peixes a níveis de sobre exploração, o saneamento básico das cidades costeiras estagnou e a poluição dos mares aumentou. E, o pior de tudo isso, a sociedade civil não está integrada e engajada o suficiente para mostrar o senso de emergência aos tomadores de decisão fora dos grandes eventos e datas comemorativas.
Faz-se necessário a construção de uma agenda, positiva e propositiva, a fim de complementar o arcabouço existente e que venha a contemplar não apenas a zona costeira e suas 12 milhas náuticas, mas sim, que englobe a área marinha em toda a sua extensão de 200 milhas náuticas. Esse instrumento é necessário para que em 2015 o Brasil esteja preparado para mostrar liderança nos compromissos com a conservação marinha. É necessário um aprimoramento da Lei, é fundamental uma Lei do Mar.
Datas comemorativas não servem para que somente naquele dia sejam anunciadas boas práticas, mas para lembrar que algo importante não pode ser esquecido. Espera-se que no dia 8 de junho de 2015 a gente tenha muito a comemorar.
Espera-se que até lá o Brasil seja capaz de assinar uma Lei do Mar, construída de forma participativa, transparente e que possa compatibilizar os interesses de uma potência emergente com a preservação da biodiversidade marinha – tão importante para a nossa sobrevivência.
*Leandra Gonçalves, é bióloga, mestre em Biologia Animal e Doutoranda em Relações Internacionais pela Universidade de São Paulo. Atualmente trabalha na Fundação SOS Mata Atlântica, no programa Costa Atlântica. |
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