Lançamento do Livro Terras Quilombolas em Oriximiná: Pressões e Ameaças
Acesse versão digital em: http://cpisp.campanhasdemkt.net/registra_clique.php?id=H%7C321069%7C83301%7C602&url=http%3A%2F%2Fwww.cpisp.org.br%2Fpdf%2FOriximina_PressoesAmea%25C3%25A7as.pdf
Caro articulista, essa informação de pressão e ameaça não é verdadeira. Não sou nenhum latifundiário aos moldes do senhorialismo feudal, tão pouco tenho interesses em empreendimentos econômicos ligados a floresta. Sou caboclo de Oriximiná, Pará, e o mesmo sentimento de conquista do estado de direito que contagiou a todos por aqui quando da demarcação da propriedade coletiva para os remanescentes de quilombos no governo FHC é o mesmo que nos envergonha hoje dado ao elevado índice de crimes ambientais cometidos pelos nossos irmãos quilombolas. Ocorrências de pesca ilegal e predatória durante o ano todo, inclusive no período do defeso, desmatamento de parte de suas áreas para exploração de madeira e queimadas para pecuária e o que é pior, invasão de áreas vizinhas às terras quilombolas. Não estou querendo generalizar as coisas, muito menos dizer que os quilombolas sejam uma horda. No entanto, com os direitos e privilégio conquistados pelas minorias étnicas, merecida providência necessária para por fim a um passado de desigualdades, acabamos por identificar um grupo de desassistidos pela história, que não é índio, que não é negro, que não é minoria nos barrancos da Amazônia. Pergunto, quem é que vai defender, garantir direitos e privilégios aos CABOCLOS? Por que a CPI/SP também não cria projetos de defesa étnica e social para os verdadeiros filhos da floresta? A missionária evangélica, a americana Irene Benson, fez um trabalho religioso de aproximadamente 30 anos com os índios Wai-Wai. Proibiu a pajelança, o culto aos elementos da natureza, as danças, as músicas e parte da tradição oral foi comprometida. O artesanato nativo foi mutilado e um importante arcabouço de nosso patrimônio imaterial foi perdido. Hoje as comunidades indígenas (todas são evangélicas) de Oriximiná estão a serviço dos interesses eleitorais. A antropóloga Lucia Andrade (CPI/SP) a muito não vem a Oriximiná. O trabalho feito pela CPI/SP e pastoral da terra poderia de fato ter mudado a vida dos remanescentes de quilombo. No final da década de 80 e durante toda a década de 90 a Associação de Remanescente de Quilombo do Município de Oriximiná – ARQMO se transformou em uma instituição de respeito e credibilidade, tanto em âmbito local, como no cenário internacional. Vultosas somas em dinheiro foram captadas junto a órgãos de fomento internacional, em especial o BID, que a ARQMO usou para adquirir máquinas, equipamentos, instalações, comunicação, lanchas, barcos e significativo investimento em treinamento e qualificação de pessoas. Depois veio o Projeto Castanha, onde os representantes dos coletores de Castanha do Pará passaram a negociar diretamente com os compradores internacionais a safra. Até aí tudo bem, difícil mesmo foi operacionalizar o serviço, os próprios quilombolas vendiam sua castanha para atravessadores sob o argumento de que a atividade coletiva era injusta: “junta tudo e divide com todos” diziam que justo seria “quem trabalha mais, ganha mais” o impasse foi suficiente para por fim a marcha de progresso e desenvolvimento que as comunidades vinham vivendo. Agora desrespeitam as leis, agridem a floresta e ameaçam invadir algumas propriedades privadas vizinhas às suas áreas com a intensão de especular com a propriedade. Pressão mesmo quem está sofrendo são os pequenos proprietários vizinhos das áreas coletivas.
Caro articulista, essa informação de pressão e ameaça não é verdadeira. Não sou nenhum latifundiário aos moldes do senhorialismo feudal, tão pouco tenho interesses em empreendimentos econômicos ligados a floresta. Sou caboclo de Oriximiná, Pará, e o mesmo sentimento de conquista do estado de direito que contagiou a todos por aqui quando da demarcação da propriedade coletiva para os remanescentes de quilombos no governo FHC é o mesmo que nos envergonha hoje dado ao elevado índice de crimes ambientais cometidos pelos nossos irmãos quilombolas. Ocorrências de pesca ilegal e predatória durante o ano todo, inclusive no período do defeso, desmatamento de parte de suas áreas para exploração de madeira e queimadas para pecuária e o que é pior, invasão de áreas vizinhas às terras quilombolas.
ResponderExcluirNão estou querendo generalizar as coisas, muito menos dizer que os quilombolas sejam uma horda. No entanto, com os direitos e privilégio conquistados pelas minorias étnicas, merecida providência necessária para por fim a um passado de desigualdades, acabamos por identificar um grupo de desassistidos pela história, que não é índio, que não é negro, que não é minoria nos barrancos da Amazônia. Pergunto, quem é que vai defender, garantir direitos e privilégios aos CABOCLOS? Por que a CPI/SP também não cria projetos de defesa étnica e social para os verdadeiros filhos da floresta?
A missionária evangélica, a americana Irene Benson, fez um trabalho religioso de aproximadamente 30 anos com os índios Wai-Wai. Proibiu a pajelança, o culto aos elementos da natureza, as danças, as músicas e parte da tradição oral foi comprometida. O artesanato nativo foi mutilado e um importante arcabouço de nosso patrimônio imaterial foi perdido. Hoje as comunidades indígenas (todas são evangélicas) de Oriximiná estão a serviço dos interesses eleitorais.
A antropóloga Lucia Andrade (CPI/SP) a muito não vem a Oriximiná. O trabalho feito pela CPI/SP e pastoral da terra poderia de fato ter mudado a vida dos remanescentes de quilombo. No final da década de 80 e durante toda a década de 90 a Associação de Remanescente de Quilombo do Município de Oriximiná – ARQMO se transformou em uma instituição de respeito e credibilidade, tanto em âmbito local, como no cenário internacional. Vultosas somas em dinheiro foram captadas junto a órgãos de fomento internacional, em especial o BID, que a ARQMO usou para adquirir máquinas, equipamentos, instalações, comunicação, lanchas, barcos e significativo investimento em treinamento e qualificação de pessoas. Depois veio o Projeto Castanha, onde os representantes dos coletores de Castanha do Pará passaram a negociar diretamente com os compradores internacionais a safra. Até aí tudo bem, difícil mesmo foi operacionalizar o serviço, os próprios quilombolas vendiam sua castanha para atravessadores sob o argumento de que a atividade coletiva era injusta: “junta tudo e divide com todos” diziam que justo seria “quem trabalha mais, ganha mais” o impasse foi suficiente para por fim a marcha de progresso e desenvolvimento que as comunidades vinham vivendo. Agora desrespeitam as leis, agridem a floresta e ameaçam invadir algumas propriedades privadas vizinhas às suas áreas com a intensão de especular com a propriedade. Pressão mesmo quem está sofrendo são os pequenos proprietários vizinhos das áreas coletivas.