Manguezais no Rio Itapetininga/Bequimão/MA(Foto: Edmilson Pinheiro)
O livro Que comam camarão: o trágico desaparecimento das florestas tropicais do mar examina os custos ecológicos e sociais da perda dos manguezais do planeta. O livro mostra como o apetite das sociedades ocidentais por frutos do mar a baixo custo vem destruindo os manguezais mundo afora e expropriando as populações que vivem do mangue de sua herança cultural, seus modos de vida e de seus habitats.
Resultado de um projeto de cinco anos do escritor e fotógrafo neozelandês Kennedy Warne, o livro originou-se de uma reportagem especial do autor para a revista National Geographic em 2007. Durante a pesquisa para a reportagem, Warne conheceu a enorme dimensão da degradação dos manguezais do mundo e os impactos desta perda sobre as comunidades costeiras dos países em desenvolvimento, o que o levou a decidir escrever um livro que trouxesse à tona esta tragédia negligenciada.
“Os manguezais estão sendo destruídos a uma taxa alarmante, mas seu desaparecimento vem sendo acompanhado de poucos protestos nos países desenvolvidos”, afirma o autor. “Florestas tropicais possuem muitos defensores, mas manguezais possuem poucos. Com este livro, quero ajudar a trazer a atenção do público mais amplo para esses ecossistemas de florestas ameaçados. Mais do que isso, quero mostrar a face humana da difícil situação dos manguezais”.
Em 2009, em parceria com Elaine Corets, coordenadora para a América Latina e Caribe do MAP, o autor realizou uma viagem de campo de dois meses pela América Latina e Caribe, visitando manguezais e comunidades costeiras no Brasil, Equador, Panamá, Cuba e Bahamas e divulgando suas descobertas em um blog intitulado “Last Stands” (“Últimas paradas”).
Originalmente o livro teria o mesmo título que o blog, mas a editora – sediada em Washington DC – sentiu que seria necessária uma conexão mais direta com os leitores norte-americanos. Daí a mudança de título para Que comam camarão – uma referência à célebre frase pronunciada pela rainha francesa Maria Antonieta quando informada da situação de fome e miséria dos camponeses de seu país: “Se não têm pão, que comam brioches”.
“Talvez não de forma tão clara, mas nós das sociedades ocidentais estamos enviando uma mensagem similar às populações extrativistas que vivem dos manguezais mundo afora – isto é, aos apicultores de Sundarbans em Bangladesh, aos coletores de mariscos do Equador, aos catadores de caranguejo do Brasil, aos pequenos carvoeiros do Panamá – quando compramos produtos ou serviços que envolveram a destruição dos manguezais”, afirma Warne.
Além de apresentar os leitores a pessoas cujas vidas foram afetadas pela explosão do assim chamado “desenvolvimento costeiro” e pelas práticas predatórias da aqüicultura industrial, Warne discute as múltiplas contribuições ecológicas e ambientais dos manguezais, que funcionam como habitat para a vida selvagem marinha e terrestre; como “amortecedores” costeiros que protegem comunidades contra tempestades e elevações do nível do mar; como sumidouros de carbono, mitigando os efeitos das mudanças climáticas e como produtores de nutrientes para os ecossistemas marinhos.
Mas o livro não trata apenas da perda dos manguezais. Ele evoca o esplendor dessas florestas singulares, situadas em locais tão diferentes como a Tanzânia, Bangladesh, Eritréia, Malásia, Bimini (Bahamas), Brasil, Equador e Panamá, bem como nas costas da Flórida e no país natal de Warne, a Nova Zelândia.
Que comam camarão oferece uma entrada oportuna para se conhecer o mundo único dos manguezais, mostrando porque eles são ecossistemas vitais para tantas pessoas.
Let Them Eat Shrimp: The Tragic Disappearance of the Rainforests of the Sea
Kennedy Warne
Island Press Hardcover
167 pages
$25.95
http://www.letthemeatshrimp.org/
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