O Projeto de Perenização dos Lagos da Baixada Maranhense parece não agradar a todos os municípios envolvidos no plano. Na manhã de ontem, políticos e moradores do município de Cajari estiveram na redação do Jornal Pequeno para relatar que não estão de acordo com a implantação do projeto, por não conhecerem o seu conteúdo e pelo receio das consequências que os impactos ambientais podem trazer. O Projeto de Perenização consiste na construção de diques, numa extensão de 70 quilômetros, e de uma barragem no Rio Cajari.
Segundo o ex-canditado a vice-prefeito e morador de Cajari, Marieuton da Silva Ferreira, a população, os sindicatos e associações estão contra a perenização por medo da tragédia ambiental que ele pode causar, uma vez que o projeto em si nunca foi apresentado à sociedade do município, muito menos os estudos de impacto ambiental e de viabilidade socioeconômica. Marieuton explicou que não sabe se os respectivos estudos foram feitos, pois nada foi apresentado até o momento. "Esse projeto vai mexer com ribeirinhos, pequenos agricultores e outras dezenas de famílias que moram às margens do rio. A nossa preocupação é que o município 'suma do mapa' após a construção dessa barragem; afinal, nos ‘invernos’ normais já somos afetados por grandes enchentes, imagine com uma represa desse porte", declarou.
Em visita ao JP, moradores de Cajari afirmaram não aceitar a perenização (foto: G. Ferreira)
O vereador do município, Adalton Sá Vieira, relatou que no ano passado a Câmara Municipal de Cajari promoveu uma audiência pública, onde todas as entidades de classe e a prefeitura municipal foram convocadas, porém o prefeito não compareceu e teria mandado um secretário lhe representar. "A Câmara é contrária à implantação do projeto na 'surdina', uma vez que centenas de famílias podem ser seriamente prejudicadas. Já soubemos que reuniões para tratar do plano foram feitas em São Luís, Anajatuba e Arari, e isso nos preocupa, pois somos um dos principais municípios do projeto e mesmo assim não participamos de nada. O prefeito aceitou a construção da barragem, mas não sabemos se solicitou os estudos necessários", afirmou.
De acordo com outro morador de Cajari e ex-candidato a prefeito do município, Abraão Davi Coelho Marques, nunca houve nenhum representante do governo do estado que debatesse e revelasse à comunidade os benefícios e as consequências que um projeto desse porte pode causar. Ele explicou que Cajari é cercado por campos e lagos, e que possui uma série de animais que dependem do equilíbrio deste ecossistema.
"Queremos pedir que o Ibama, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, o Ministério Público e outros órgãos competentes atuem conosco, pois não há nada claro sobre a implantação deste Plano de Perenização.
No próximo dia 21, promoveremos uma reunião na presença do deputado Marcelo Tavares, e formaremos uma Comissão Permanente para debater esta questão e servir como instrumento de luta para combater tais aberrações", disse ele.
O Projeto - A perenização consiste na construção de diques, numa extensão de 70 quilômetros, e de uma barragem no Rio Cajari. O objetivo é impedir a salinização dos lagos de água doce, e evitar que estes sequem no verão, preservando desta forma o potencial de produção pesqueira e outras atividades vitais à economia da região. Está previsto também a conclusão da barragem de São Vicente de Férrer, parcialmente executada na década de 80. Os serviços consistem no fechamento dos pontos de fuga e execução dos vertedouros.
Municípios atingidos pelo projeto
1.Alcântara
2.Anajatuba
3.Arari
4.Bacurituba
5.Bequimão
6.Cajapió
7.Cajari
8.Central do Maranhão
9.Matinha
10.Olinda Nova
11.Palmeirândia
12.Pedro do Rosário
13.Penalva
14.Pinheiro
15.Peri-Mirim
16.Presidente Sarney
17.Santa Helena
18.São Bento
19.São João Batista
20.São Vicente Férrer
21.Turilândia
22.Turiaçu
23.Viana
24.Vitória do Mearim
Por: Jully Camilo
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