sexta-feira, 12 de março de 2010

Baixada Maranhense: o plantio de arroz nos campos inundáveis

O Jornal Pequeno noticiou em mais de uma oportunidade, no início de fevereiro passado, a realização de uma audiência pública no município de Viana, na Baixada Maranhense, no dia 10 de fevereiro, onde seriam discutidas, por representantes do ministério público, políticos, empresários e a população em geral, questões relacionadas com o plantio de arroz nos campos inundáveis do município e outros do seu entorno.
Vista do campo em Jeniparana, Bequimão/MA ( Foto: Edmilson Pinheiro)

Ocorre que depois dessa informação, nada mais foi publicado sobre o assunto, o que me leva a sugerir que este jornal faça uma matéria explanando o que foi decidido em tal audiência, ou se ela não aconteceu, quais os passos que estão sendo projetados para o futuro com relação a esse assunto, que é sério, e merece toda atenção das pessoas que se propuseram a realizar tal evento. Os imensos espaços, que no período chuvoso enchem d'água e que motivam a denominação da região de Baixada Maranhense, vêm sofrendo, nas últimas décadas, algumas agressões que precisam ser encaradas, sob pena de em um futuro muito próximo termos, em vez das águas que possibilitam a existência de dezenas ou mais de espécies de peixes, e que são fonte de alimento e renda para milhares de pessoas, um enorme pântano sem vida e sem utilidade alguma.

Primeiro veio a criação indiscriminada de búfalos, o que colaborou decisivamente para o comprometimento de boa parte do ecossistema local. Depois vieram as cercas que criminosamente foram sendo construídas nos campos, privatizando enormes áreas públicas, que foram e estão sendo apossadas, muitas delas por pessoas ditas esclarecidas, inclusive autoridades da região, e por último essa noticia tenebrosa da utilização da área para o plantio de arroz.

São agressões perversas, que de maneira continuada precisam ser contra atacadas, por iniciativas maduras e equilibradas como a que foi proposta, e que não sabemos se foi efetivada ou não.

Há ainda uma questão muito séria, e que está sendo sutil e hipocritamente deixada de lado por todos nós que nascemos, vivemos ou visitamos costumeiramente a Baixada, e em particular pelos prefeitos e vereadores dos seus municípios, e ainda integrantes da magistratura e ministério público que atuam na região, além de deputados, senadores, governo do Estado e toda a sociedade. Trata-se da poluição ambiental dos campos que circundam as suas cidades.

Se atentarmos para o fato de que, mesmo os maiores aglomerados urbanos da região, não possuem nenhum tratamento para seu lixo e para seus dejetos, e que tudo no final das contas, escorre para os campos inundáveis, teremos uma medida estimada da dimensão do problema e da necessidade de atacá-lo imediatamente, sob pena de prejuízos incalculáveis para a saúde humana, para a economia local e para os pescadores e consumidores que se alimentam da pesca realizada em seus campos, rio e lagos.

Fica, pois, o alerta e a convocação para mais essa peleja, por uma das mais belas paisagens deste Maranhão e que não merece o tratamento que nos maranhenses, em particular os seus filhos, vêem lhe dando.

Por: Ailton Castro - Jornalista, São Luís MA
tonni.castro@globo.com

www.jornalpequeno.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário