Comum em todo o litoral brasileiro, ele ajuda a regular os níveis de poluição nas águas
por Xavier Bartaburu
Valdemir Cunha
O berbigão é um molusco presente em todo o litoral brasileiro. Mas só os pescadores de origem açoriana de Florianópolis tornaram-se especialistas em sua coleta. Cerca de 90% do vôngole servido em São Paulo vem daqui.
Papa-fumo, chumbinho, maçunim, marisco-da-areia, sernambitinga, samanguaiá: cada canto do Brasil tem um nome para o berbigão (Anomalocardia brasiliana), o que dá a medida da presença desse moluscoem todo o nosso litoral. De fato, tem berbigão do Oiapoque ao Chuí. É nativo brasileiro e, a despeito do nome, espécie diferente do berbigão europeu (Cerastoderma edule), tradicional na cozinha portuguesa, e do vôngole italiano, que lá recebe o nome de vongola verace (Venerupis decussata).
Ainda nesta reportagem - Berbigão: vulgo vôngole
Em comum, além da aparência e do sabor, as três espécies compartilham o hábito de enterrar-se no leito dos mares, ao contrário de outros moluscos como ostras e mexilhões, que se agarram às rochas. No caso do nosso berbigão, o solo ideal é aquele composto de 60% de areia e 40% de lodo, em águas sempre rasas e tranquilas, próximas à costa.
É importante que ao menos uma lâmina de água cubra o animal, pois é dela que ele tira o alimento, geralmente microalgas e matéria orgânica em suspensão. Ao alimentar-se, inclusive, ajuda a depurar lugares como a baía de Florianópolis, onde há uma grande concentração desses moluscos. “O berbigão é um filtro biológico”, explica o chef de cozinha Ubiratan Farias, acrescentando que cada indivíduo filtra em média 9 litros de água por dia. “Se não houvesse nenhum molusco na baía, o nível de poluição seria maior”.
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