Afirmação dos territórios das populações tradicionais como estratégia para o enfrentamento à crise climática
O Programa Direito a Terra, Água e Território (DTAT) – formado pela Organização Intereclesiástica de Cooperação para o Desenvolvimento (ICCO) e por um grupo de 14 organizações no Brasil – promoverá a Oficina Justiça Climática no Nordeste, nos dias 25 a 27 de agosto de 2010. No Ceará, a organização da oficina é realizada pelo Instituto Terramar e terá programação em Fortaleza (25/08) e na Prainha do Canto Verde - Beberibe-Ce (26 e 27/08). O evento contará com a participação de 40 representantes de movimentos, entidades e populações tradicionais dos estados Bahia, Alagoas, Pernambuco, Piauí e Maranhão.
A proposta da oficina é, a partir das experiências das populações do nordeste, situar o debate da crise climática como resultado do modo de produção e consumo pautados na exploração intensiva dos recursos naturais. Uma perspectiva que confronta diretamente o discurso hegemônico que situa esta crise como um fenômeno de escala global e cujas causas e efeitos são compartilhados igualmente pela humanidade.
As noções de injustiça e justiça climática partem do pressuposto que as conseqüências das mudanças climáticas são vivenciadas de forma desproporcional pelas populações e grupos sociais, que tem menos acesso ao poder e que estão historicamente vulnerabilizados no modelo de sociedade capitalista, racista e patriarcal em que vivemos. Estas populações são, por exemplo, aquelas que habitam as periferias dos centros urbanos ou em regiões de conflitos com grandes empreendimentos, de Norte a Sul no planeta.
Nesse contexto, para os movimentos sociais, um dos desafios é fazer com que a análise da crise climática não se restrinja à esfera macro (negociações e convenções internacionais), mas estabeleça conexões com o cotidiano, situando no centro das discussões as populações atingidas. Nesse sentido, reafirmar os modos de vida tradicionais e experiências sustentáveis, promovidas por essas populações no campo e na cidade é uma estratégia mais democrática de enfretamento a crise.
A programação da oficina tem inicio em Fortaleza, no dia 25 de agosto, às 14hs no auditório do Centro Frei Humberto de Formação, Capacitação e Pesquisa do MST com a presença de Jean Pierre Leroy, educador e ambientalista da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase). Na ocasião, Leroy lança seu livro “Territórios do futuro.” A abertura do evento conta, ainda, com o lançamento do Portal do Mar – O Observatório de Direitos da Zona Costeira, uma plataforma na internet, na qual o Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará pretende monitorar os conflitos nos territórios dos Povos do Mar afirmando sua cultura e modos de vida.
Para saber mais
Jean Pierre Leroy e o livro “Territórios do Futuro”, porwww.fase.org.br
Quase 40 anos de luta diária e incansável por um Brasil socioambientalmente equilibrado e justo são a marca política de Jean Pierre Leroy. Neste 2010, o educador da Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) lança o livro “Territórios do Futuro – Educação, meio ambiente e ação coletiva” que reúne, em 19 artigos, relatos e pontos de vista fundamentais acerca do futuro da vida no planeta. A primeira parte do livro trata do fundamento de sua prática política: a educação popular. Seguem-se partes relativas aos temas sobre os quais sua ação política se desdobrou coletivamente, com a Fase, redes e fóruns das quais participa: desenvolvimento; Amazônia; agricultura e biopolítica; relações internacionais.
Jean Pierre Leroy foi um dos precursores na junção do tema ambiental à questão social brasileira, um movimento que se tornou mais divulgado a partir de 1992, quando foi realizada a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92). É produto desta época e deste esforço o grande acúmulo de crítica política, ação e reflexão sobre os padrões de desenvolvimento adotados por praticamente todos os países na atualidade.
Portal do Mar – O Observatório de Direitos da Zona Costeira
O Fórum em Defesa da Zona Costeira do Ceará é um movimento formado por ambientalistas, pesquisadores, comunidades do litoral e entidades da sociedade civil que militam pela garantia dos direitos das populações da Zona Costeira do Ceará (FDZCC). Atua a mais 16 anos em ações de mobilização social e na produção de conhecimento sobre os impactos socioambientais causados, entre outros, por empreendimentos turísticos, desenvolvimento de carcinicultura e construção de usinas siderúrgica, termoelétrica e eólicas.
A partir de sua experiência e militância, o FDZCC, apresenta para a sociedade seu www.portaldomar.org.br, uma plataforma com notícias, artigos de opinião, informações sobre o acesso a justiça e um banco de dados com documentos oficiais, estudos e trabalhos acadêmicos disponível para download na internet. Essa ferramenta inaugura uma estratégia coletiva de comunicação e monitoramento de conflitos socioambientais. A intenção é observar a atuação de grupos econômicos, de instituições públicas e de promoção da justiça para, então, articular ações de intervenção e mobilização social.
Serviço: Oficina de justiça Climática no Nordeste
Dias: 25 a 27 de agosto de 2010
Locais: 25/08 em Fortaleza, às 14hs, no Auditório do Centro Frei Humberto de Formação, Capacitação e Pesquisa do MST. Rua Paulo Firmeza, 455, São João do Tauape. Dias 26 e 27/08 a programação segue para convidados na Prainha do Canto Verde, em Beberibe, Ceará.
Maiores informações:
Luciana Queiroz (Assessora do Terramar): 85 8650.4880/ 3226.2476, luciana@terramar.org.br
José Alberto de Lima (Pescador na Prainha do Canto Verde): 85 9622.1718, beto_pescador_prainha@yahoo.com.br
Camila Garcia (Assessora de comunicação do Terramar): 85 8818.8267/ 3226.2476, camila@terramar.org.br
Instituto Terramar: 85 3226.2476, http://www.terramar.org.br/
http://www.terramar.org.br/oktiva.net/1320/nota/160029
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