O Maranhão abriga a segunda maior bacia sedimentar do país, a do Rio Parnaíba, juntamente com o Ceará e o Piauí. Cerca de 97% desta água está em aquíferos subterrâneos. Pouco conhecidos, e por vezes esquecidos, são os grandes responsáveis pelo abastecimento populacional, industrial e agrícola da Grande Ilha de São Luís. Representam 55% do abastecimento da população da região metropolitana; 99%, das indústrias e 95% da agropecuária da Ilha, que captam água, através de poços artesianos amplamente conhecidos. Muitos construídos fora dos padrões exigidos pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), sem licenças de perfuração, banalizando o trabalho dos perfuradores. Há muitos poços abandonados, destampados, sendo fonte de contaminação dos lençóis freáticos e dos aquíferos. E muitos não são clorados, como determina a Portaria 518 da Anvisa.
Mais de 80% dos municípios maranhenses captam águas subterrâneas para consumos humano e agropecuário. Este índice é ainda maior nos municípios com projetos agrícolas das associações de pequenos produtores, enfatizando sua importância para o desenvolvimento socioeconômico.
O Maranhão desponta no cenário nacional com volume de investimentos em torno de
R$ 60 bilhões para os próximos 10 anos, em diversos segmentos. Em relação ao uso da água, a implantação da Refinaria Premium da Petrobrás, com capacidade de 30% do refino de óleo do Brasil, consumirá 300 litros de água por segundo durante a implantação e 2 milhões de litros por segundo, quando estiver em operação; águas do Rio Itapecuru. A Termoelétrica do Grupo Servtec fará captação subterrânea da água assim como a Vale e a Suzano Papel e Celulose, entre outros.. Estima-se que 500 mil pessoas serão atraídas para cá. Estamos preparados para atender esta demanda com os recursos hídricos que temos?
A Ilha de São Luís passa por um boom imobiliário, com construções totalmente desgovernadas, sem preparo de abastecimento de água e esgoto. O “Programa Minha Casa, Minha Vida”, do Governo Federal, terá construções em áreas de recargas de aquíferos, principalmente na região limítrofe entre os municípios metropolitanos. Estas áreas são fontes riquíssimas em águas subterrâneas com reservatórios que devem ser monitorados, mapeados, preservados e com controle de avanço populacional. Eles devem ser estudados e encarados de forma estratégica, criando mecanismos de proteção e preservação como alternativa de abastecimento para futuras gerações.
Com este cenário, São Luis sediará, de 31 de agosto a 3 de setembro, o XVI Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, o XVII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços e a Feira Nacional da Água (Fenagua), promovidos pela Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (ABAS), entidade que promove as águas subterrâneas no país. Será uma oportunidade ímpar para adquirir conhecimento por meio de trabalhos técnico-científicos, pesquisas, palestras e debates, que ocorrerão. Será também um momento totalmente favorável para essa mudança no estado. Nossos políticos deverão criar uma nova visão gerencial dos recursos hídricos, que atenda às expectativas dos setores de meio ambiente, empresarial e da sociedade civil.
Aproveitem, pois, dificilmente, teremos outra oportunidade para mudar a situação atual em relação ao uso, conservação e proteção das águas maranhenses.
Por: Antonio José Araújo-Presidente da Comissão Organizadora do XVI Congresso Brasileiro de Águas Subterrâneas, XVII Encontro Nacional de Perfuradores de Poços e Fenágua
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