A cidade de Alcântara pode ser considerada a “Roma Brasileira”, pois reúne os principais monumentos artísticos e históricos do estado do Maranhão. A antiga cidade está localizada em plena Amazônia Legal, cercada por uma das maiores áreas de mangue do mundo e onde se descortinam praias desertas e preservadas e ilhas repletas de histórias e lendas. Reconhecida como Patrimônio Nacional pelo IPHAN, o estilo colonial de seu importante conjunto arquitetônico reflete uma história de opulência e riqueza, quando foi habitada por ricos barões.
Suas principais atrações devem ser visitadas a pé, em caminhadas por ruas calçadas de pedra do seu centro histórico. O roteiro pode ter início na Praça da Matriz, onde se encontra a Casa da Câmara e Cadeia, o Museu Histórico e Artístico de Alcântara, as igrejas coloniais e a Casa do Divino. Alcântara tem na festa do Divino a sua maior celebração religiosa. Esse ano a festa irá acontecer de 24 de maio a 4 de junho. Centenas de turistas e festeiros invadem as ruas do centro histórico para acompanhar os cortejos ao Divino.
Praias, ilhas e quilombo
Saindo da parte histórica, o visitante pode realizar passeios de barco por igarapés amazônicos e visitar a ilha do Livramento. Lá vive dona Mocinha e seu fiel escudeiro, Ribamar, apelidado carinhosamente de Punk. Eles vivem numa casinha de palha e são os verdadeiros guardiões da ilha e os responsáveis pelo atendimento aos turistas que desejam acampar ou passar o dia por lá.
Depois de explorar a ilha numa deliciosa caminhada, chega-se ao final da praia de quase três quilômetros de extensão, onde correm das falésias avermelhadas, uma água doce e geladinha para tirar o sal do corpo num banho relaxante e natural. O roteiro continua de barco, percorrendo as águas fortes dessa bela Bahia onde se navega por uns 30 minutos para observar um espetáculo único, o voo dos guarás, aves de plumagem vermelha, encontradas com frequência na região. São balés intrigantes que rasgam os céus num espetáculo digno da abundante fauna da região.
Outro local indispensável é passear na comunidade Quilombola de Itamatatiua, onde cerca de 165 famílias resistem e mantém as suas tradições. Uma das atrações é conferir o trabalho das artesãs negras que criam peças de barros em estilo único. Jarros, pratos, louças e bonecas trabalhadas manualmente por elas.
Aproveite para visitar a capela de Santa Thereza que se transformou na protetora das casas. Uma das coordenadoras da comunidade,é a Sra Neide de Jesus, 67 anos. Ela afirma que cerca de 20 artesãs trabalham na confecção das peças de artesanato em argila. A comunidade completará em junho próximo 309 anos e é uma resistência a todo o processo de desocupação realizado no interior e distritos de Alcântara, principalmente nas últimas cinco décadas, onde a região se tornou área de segurança nacional em função da base de lançamento de foguetes.
Aprofundar-se nas entranhas ainda mais remotas de Alcântara é surpreender-se com a praia de Mamuna; Num encontro do rio com o mar, seus cinco quilômetros de praia virgem ,contrastam com arrecifes e falésias avermelhadas. Do alto deles fique atento, pois na maré alta, dá pra ver o balé delicado dos botos, que brindam os turistas com malabarismos e mergulhos únicos. Essa praia tem pouquíssima estrutura. Pra completar contrate a dona miúda, uma negra que prepara sob encomenda um cardápio regional. Peixada, arroz de cuxá, galinha e peixe frito num sabor pra lá de natural. A comida sai a R$ 25,00 por pessoa com direito a saladinha e suco natural.
Como chegar
A maneira mais fácil para se chegar a Alcântara a partir de São Luis, é por meio da travessia da Baía de São Marcos, que separa a capital e a cidade histórica de Alcântara. A travessia é feita por lanchas e catamarãs, que, de acordo com a tábua das marés, partem diariamente do terminal hidroviário da Praia Grande, que fica no Centro Histórico. Para quem pretende explorar mais a região, pode tomar o Ferry boat que tem partidas a cada hora e meia.
Outra opção é contratar os serviços da Caravelas Turismo – caravelasturismo.com.br, uma das pioneiras no receptivo em São Luis e especializada em Alcântara. Procure contratar o guia Naílton Lobato. Natural da cidade a sua família é uma das mais tradicionais de Alcântara. Todos os conhecem por lá. Muitas das lendas aprendeu com seu avô.
Onde comer
Localizado bem ao lado de uma capela, no alto de uma falésia o Restaurante Cantaria possui a mais privilegiada vista da Ilha do Livramento. O prato imperdível é a fritada de camarão – com certeza a melhor de todo Maranhão. Experimente também o vatapá, e os deliciosos peixes locais, além do indispensável arroz de cuxá. Beba o suco natural de Bacuri, De sobremesa mouses de frutas regionais e o famoso e exclusivo Doce Espécie, tipicamente de Alcântara. Por R$ 200,00 se come fartamente até cinco pessoas.
Onde ficar
Para se hospedar arrisque a Pousada Bela Vista um pouco longe do centro histórico mas com uma vista incrível. A Pousada dos Guarás fica colada ao imenso manguezal e possui quartos bem equipados com tv a cabo e frigobar. Cuidado apenas com os inconvenientes das muriçocas que não dão sossego.
Texto por: Cláudio Lacerda Oliva
Foto destaque por: Adilson Zavarize
Fonte: Qual Viagem
A água na Baixada Maranhense
Expedito Moraes*
Dia da água. Chove bastante nas cabeceiras de alguns rios maranhenses. O Maranhão possui, segundo o Núcleo Geoambiental da UEMA,12 bacias hidrográficas, Gurupi, Tocantins, Parnaíba, Turiaçu, Maracaçumé, Litoral Ocidenta (incluindo Pericumã e outros da região), Mearim (a maior de todas), Itapecuru, Munim, Preguiças, Periá e a menor de todas, da ilha de São Luís; que drenam todo o território maranhense, embora, uns mais outros menos. Entretanto, a Região da Baixada drenada pelos rios Pindaré (afluente do Mearim), Pericumã, Aurá, Turiaçu e outros é a que mais sofre a influência dos invernos e verões. Entenda que chamamos de inverno o período chuvoso e verão o contrário.
Na BAIXADA durante quatro meses do ano, como agora, não se constrói nada porque tem água de mais; depois tem quatro meses para se fazer muita coisa, inclusive recuperar o que a água levou ou estragou; em seguida mais quatro meses que não se produz nada porque não tem água nem pra beber.
O Rio Maracú é um pequeno afluente entre o Rio Pindaré e o Lago de Viana e este tem conexão com outro lagos como Itans, Aquirí, Formoso, Penalva, etc. essa é a Região dos Lagos. Neste período não há como distinguir uma coisa da outra, é um imenso pantanal, somente os tesos não submergem.
De agosto a dezembro estará tudo diferente, muita poeira, pasto seco, animais morrendo de sede e fome, os humanos sem comida e sem água potável é a miséria onde podia ser um celeiro de produção de alimentos.
Nos últimos anos outra ameaça: a invasão das águas salgadas da Baia de São Marcos nos campos da Baixada, que além da salinização dos campos está mudando a paisagem e costumes dos baixadeiros.
Um grande Projeto chamado DIQUES DA BAIXADA, um sonho antigo, encontra-se a cargo da CODEVASF, existe a possibilidade de transforma-se em realidade nestes próximos anos. Por outro lado o Governo do Estado mobiliza esforços para implantar o projeto DIQUES DE PRODUÇÃO em vários trechos dos 31 municípios da região que servirá para o transporte, contenção de água de chuva e produção de alimentos.
O objetivo de um e de outro é a manutenção de água doce nos campos baixos e conter a entrada de água salgada na região.
Um terceiro projeto seria a construção da BARRAGEM NO RIO MARACU, em CAJARÍ, com objetivo de perenizar os lagos dessa região. Caso contrário continuará assim como no verão de 2016, onde pescadores encontraram filhote de tubarão nas rasas águas do Lago de Viana.
Os governos municipais, estadual e federal devem tomar a iniciativa de intervir planejadamente neste território. Isto permitirá tirar esta Região com mais de 750 mil habitantes do estado de pobreza, onde tudo está por fazer e o IDH é um dos mais baixos país do país.
*Membro do Fórum em Defesa da Baixada Maranhense
Fonte: Vianensidades
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