quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

02 de fevereiro: Dia Mundial das Áreas Úmidas



Em 02 de fevereiro de 1971, na cidade iraniana de Ramsar, um acordo intergovernamental foi instituído para promover a conservação e uso sustentável e habitats aquáticos, bem como o bem-estar das populações humanas que delas dependem: a Convenção sobre Zonas Úmidas de Importância Internacional ou, Convenção de Ramsar. Em homenagem à sua adoção, hoje temos o Dia Mundial das Áreas Úmidas (World Wetlands Day) – uma data que busca estimular a realização por toda a comunidade internacional de ações e atividades que chamem a atenção para a importância destas áreas e para os benefícios que podem proporcionar.
Os Sítios Ramsar são zonas úmidas indicadas pelos países signatários da Convenção como áreas merecedores de maior proteção. Estas zonas fornecem serviços ecológicos fundamentais: além de regular o regime hídrico de vastas regiões, são fontes de biodiversidade; cumprem papel relevante de caráter econômico, cultural e recreativo; e ainda atendem necessidades de água e alimentação para uma ampla variedade de espécies e para comunidades humanas, rurais e urbanas.
O Brasil conta com 13 Sítios Ramsar que coincidem, intencionalmente, com unidades de conservação. Confira a lista:
Rio Sipotiúa na Area de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses. Foto: José Augusto Faes/Wikimedia Commons
Rio Sipotiúa na Area de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses. Foto: José Augusto Faes/Wikimedia Commons
Criado em 11 de novembro de 1991, a área de proteção ambiental maranhense passou a integrar a lista dos Sítios Ramsar em 30 de novembro de 1993. Com 2.680.911 ha, o complexo sistema estuarino de ilhas, baías, enseadas e costas acidentadas é coberto principalmente por manguezais. O local é de grande importância para numerosas espécies de peixes, mariscos, aves migratórias e também para o peixe-boi (Trichechu manatus). As comunidades locais praticam pesca de subsistência.
As garças brancas concorrem por alimentação com os pescadores no Rio Pericumã. Foto: Élison Silva de Macêdo
As garças brancas concorrem por alimentação com os pescadores no Rio Pericumã. Foto: Élison Silva de Macêdo
Por por representarem o maior conjunto de bacias lacustres do Nordeste, os 1.775.036 hectares da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baixada Maranhense integram a lista desde fevereiro de 2000. A unidade também preserva extensas áreas costeiras baixas, sazonalmente inundadas, caracterizadas por campos, florestas de galeria e manguezais ao longo da costa nordeste do Brasil. Na época das chuvas, de dezembro a julho, os campos baixos ficam alagados, restando ilhas de terras firmes e áreas de campos em terreno um pouco elevado, chamadas regionalmente de “teso”.
Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís oferece proteção integral à fauna e flora e recifes de corais. Foto: Divulgação/MMA
Parque Estadual Marinho do Parcel de Manuel Luís oferece proteção integral à fauna e flora e recifes de corais. Foto: Divulgação/MMA
Assim como a APA da Baixada Maranhense, este Parque Estadual marinho se tornou um Sítio Ramsar em 29 de novembro de 2000. Localizado a cerca de 100 milhas náuticas de São Luís, a unidade é formada por três bancos de coral ao largo da costa norte do Maranhão e abrange a área de distribuição de várias espécies de peixes endêmicas da costa brasileira. Sua área é importante para a produção pesqueira e os numeroso naufrágios em sua história tem um valor científico extremamente elevado. Embora seja uma região atraente para mergulhadores, o turismo é limitado e, por causa das correntes locais difíceis e distância da costa, é recomendada apenas à mergulhadores experientes.
Ilha do Bananal. Parque Nacional do Araguaia. Foto: Amazon-Lodge
Ilha do Bananal. Parque Nacional do Araguaia. Foto: Amazon-Lodge
O Parque Nacional adentrou a Lista Ramsar em 04 de outubro de 1993 na Lista Ramsar. Sua inclusão se deu por estar inserido na Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo com 20 mil Km² de extensão (uma área equivalente à do estado de Sergipe). Um dos santuários ecológicos mais importantes do país, o local é uma área extremamente rica para aves aquáticas.
Um bando de flamingos-chilenos, visitantes frequentes da Lagoa do Peixe. O local é um importante local para abrigo, alimentação e reprodução de aves migratórias. Foto: Roberto Dall'Agnol
Um bando de flamingos-chilenos, visitantes frequentes da Lagoa do Peixe. O local é um importante local para abrigo, alimentação e reprodução de aves migratórias. Foto: Roberto Dall’Agnol
Os 34.400 hectares do Parque Nacional da Lagoa do Peixe apresentam uma extensa área de planícies salinas, dunas costeiras, lagoas, lagos e pântanos que fornecem importantes locais de pouso e alimentação para um grande número de espécies migratórias. Por lá circulam 182 espécies de aves, sendo 26 delas migratórias do hemisfério norte e 5 do sul. A observação de aves é a sua principal atração turística. Formada por uma sucessão de pequenas lagoas de água doce e salobra interligadas, ela serve como um berçário natural para espécies marinhas como o camarão-rosa, a tainha e o linguado.
jacarés do Pantanal. Foto: Eliane Rossi
Jacarés do Pantanal. Foto: Eliane Rossi
Reconhecida em maio de 1993, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense faz parte da maior zona úmida permanente de água doce no hemisfério ocidental. A área é constituída por uma vasta região de savanas sazonalmente inundadas, ilhas de arbustos xerófitos e floresta decíduas úmida. O Parque abrange  algumas das maiores e mais espetaculares concentrações de vida selvagem dos trópicos e é provavelmente a zona úmida mais importante da América do Sul para aves aquáticas. Há enormes populações de uma grande variedade espécies endêmicas e migratórias que também usam a área como abrigo e alimentação.
Pousada Uacari, Reserva de Desenvolvimento Sustetável Mamirauá. Foto: Edu Coelho/Insituto Mamirauá
Pousada Uacari, Reserva de Desenvolvimento Sustetável Mamirauá. Foto: Edu Coelho/Insituto Mamirauá
A Reserva Mamirauá, localizada a cerca de 600 km a oeste de Manaus, abrange uma área de 1.124.000 hectares de floresta de várzea com vários lagos sazonais conectados por canais de drenagem naturais. Seus variados habitats aquáticos e terrestres estão em constante mudança, definidas pela dinâmica das águas na região. A variação sazonal de seca e de cheia é determinante para a flora e a fauna e toda a vida na várzea, que deve se adaptar a essa variação. Em última análise, o componente mais importante e mais dramaticamente dinâmico desse ecossistema fica por conta das águas razão pela qual foi incluída na lista de Sítios Ramsar em 04 de outubro de 1993.
RPPN SESC Pantanal. Foto: Haroldo Palo Jr.
RPPN SESC Pantanal. Foto: Haroldo Palo Jr.
Em 04 de julho de 1997, a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) SESC Pantanal, uma reserva privada do Serviço Social do Comércio (SESC) foi reconhecida como unidade de conservação. A extensa área de 107.996 hectares preserva uma amostra significativa e representativa das grandes áreas úmidas do Pantanal. O local, uma mistura de rios permanentes, riachos sazonais, lagos de água doce de várzea, zonas arbustivas e florestas inundadas, satisfez a todos os critérios da Convenção de Ramsar para designação como zona úmida de importância internacional, motivo pelo qual foi incluída na lista em dezembro de 2002. O local contém várias espécies ameaçadas de extinção, como a arara-jacinto (Anodorhynchus hyacinthinus) e tuiuiú (Jabiru mycteria).
RPPN Fazenda Rio Negro. Foto: RPPN Fazenda Rio Negro/ Facebook
RPPN Fazenda Rio Negro. Foto: RPPN Fazenda Rio Negro/ Facebook
Parte da lista de Sítios Ramsar desde 22 de maio de 2009, esta reserva privada preserva o Pantanal de Nhecolândia, uma sub-região do bioma paisagens formadas pelo conjunto de baías e salinas, assim como pelo próprio rio Negro e suas praias, numa região tida por muitos como uma das mais preservadas e belas do Pantanal. O local hospeda mais de 400 espécies de plantas, 350 de aves e 70 de mamíferos. Entre eles destacam-se espécies ameaçadas, como a ariranha (Pteronura brasiliensis) eo cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus). As numerosas espécies de aves migratórias presentes no local o tornam muito atrativo para observadores de aves.
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Foto: João Ramos
Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. Foto: João Ramos
A primeira unidade de conservação marinha criada no país tem a finalidade de proteger a região que registra a maior biodiversidade marinha do Atlântico Sul. Além de abrigar uma grande porção do maior banco de corais e biodiversidade marinha do oceano, o parque protege áreas-berçário para as baleias jubarte. A biodiversidade da região registra aproximadamente 1.300 espécies, 45 delas consideradas ameaçadas, como tartarugas-marinhas, grazinas e os atobás. Sítio Ramsar a partir de 02 de fevereiro de 2010, o Parque Nacional é a única região do planeta onde é possível encontrar o coral Mussismilia braziliensis. Suas atrações são mergulho, observação de aves, caminhadas monitoradas e, entre julho e novembro, o avistamento de baleias.
O fim de tarde no Parque Estadual do Rio Doce proporciona um espetáculo de rara beleza. Foto: Moisés Lima
O fim de tarde no Parque Estadual do Rio Doce proporciona um espetáculo de rara beleza. Foto: Moisés Lima
Com 35.973 hectares, o Parque Estadual é o maior fragmento de vegetação preservada da Mata Atlântica no Estado de Minas Gerais. Além dos rios permanentes e sazonais, existem 42 lagoas naturais, um notável sistema lacustre que representa 6% da superfície do parque. O local hospeda 325 espécies de pássaros, pelo menos 77 dos mamíferos, variadas árvores centenárias emadeiras nobres de grande porte. O endêmico e ameaçado jacarandá (Dalbergia nigra) pode ser encontrado aqui, assim como outras espécies ameaçadas, tais como o jaguar (Panthera onca), águia Harpia (Harpia harpyja), mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii) e  o muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus). 
Igarapé, no Parque Nacional do Cabo Orange. Foto: Douglas Albuquerque Ferreira
Igarapé, no Parque Nacional do Cabo Orange. Foto: Douglas Albuquerque Ferreira
O Parque Nacional Cabo Orange tornou-se Sítio Ramsar em  fevereiro de 2013. A primeira unidade de conservação federal criada no Amapá compreende uma área total de 657.318,06 hectares de bioma Marinho Costeiro. O parque se caracteriza por pastagens inundadas periodicamente e permanentemente, únicas na região amazônica, assim como por seus manguezais, que atuam como “viveiros de peixes” e são vitais para a manutenção da pesca estuarina no país. O local é rico em biodiversidade, abrigando cerca de 358 espécies de aves, 19 espécies de plantas, 54 espécies de mamíferos.
Atol das Rocas, Brasil, fotografado da Estação Espacial Internacional pela tripulação da Expedição 22. Foto: Wikimedia Commons
Atol das Rocas, Brasil, fotografado da Estação Espacial Internacional pela tripulação da Expedição 22. Foto: Wikimedia Commons
Criada em 05 de junho de 1979, a Reserva Biológica Atol das Rocas protege um ecossistema de ilhas oceânicas que inclui o único atol no Atlântico Sul, formado predominantemente por algas coralinas. O mais recente Sítio Ramsar brasileiro, reconhecido em 11 de dezembro de 2015, está localizado a 267 km a nordeste da cidade costeira de Natal. O Atol abriga aves migratórias, espécies ameaçadas de extinção, espécies endêmicas e um considerável número de espécies de interesse econômico, o que justifica sua grande relevância ecológica. É também um local importante para reprodução de animais como a tartaruga-verde (Chelonia mydas) e o tubarão-limão (Negaprion brevirostris), além de acomodar a maior concentração de aves marinhas tropicais da região, com uma estimativa de pelo menos 150.000 aves de 29 espécies. 

Por: O ECO

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