divulgação
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Levantamento semestral elaborado pelo órgão, com base em
fiscalizações, mostra que 30 empregadores maranhenses constam da lista
de trabalho escravo
O Ministério Público do Trabalho no Maranhão (MPT-MA)
tem cerca de 90 investigações ativas contra o trabalho análogo ao
escravo no estado. Além disso, 30 empregadores maranhenses constam na
lista de trabalho escravo, elaborada de acordo com levantamento feito
semestralmente pelo órgão. Os números demonstram que, apesar de a
escravidão ter sido abolida no país em 1888 – há 127 anos –, ainda é
comum no Brasil o trabalho forçado em condição degradante, a jornada
exaustiva e a servidão por dívida.
O MPT acompanha aproximadamente 70 Termos de Ajustamento de
Conduta (TACs) e outras 60 ações civis públicas e execuções de TAC não
respeitados. O órgão também revela que o Maranhão é o estado que mais
fornece mão de obra escrava para outras regiões do país. Um levantamento
do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) mostra que 25,5% dos
trabalhadores resgatados em condições análogas às de escravo no Brasil
nasceram em território maranhense. Se não bastasse a importação de mão
de obra em condições análogas à escravidão, o estado ocupa o 5º lugar no
ranking nacional de exploração do trabalho escravo.
Combate – Para romper com esse ciclo, o MPT tem uma
Coordenadoria de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), que recebe
denúncias, investiga e resgata os trabalhadores submetidos a situações
degradantes (trabalho forçado, servidão por dívidas, jornadas
exaustivas, alojamento precá- rio, água não potável, alimentação
inadequada, desrespeito às normas de segurança e saúde do trabalho,
falta de registro, maus-tratos e violência).
“Por meio das fiscalizações, os trabalhadores resgatados
têm seus vínculos empregatícios regularizados e são libertados da condi-
ção de escravidão. A partir daí, o MPT realiza ações judiciais e
extrajudiciais que promovem a punição do empregador, prevenção ao
ilícito e a inserção das vítimas no mercado de trabalho com todos os
direitos garantidos”, explicou a procuradora do Trabalho Virgínia de
Azevedo Neves.
Segundo o MPT, os municípios maranhenses com maior número
de casos de trabalho escravo são Santa Luzia, Açailândia, Carutapera,
Bom Jesus das Selvas, Codó e Bom Jardim. Boa parte da mão de obra
análoga à escrava é empregada na criação de bovinos para corte, na
pecuária, no cultivo de milho e na produção de carvão vegetal.
Carvoarias – Em seu trabalho Escravizados do Carvão:
historiando identidades e memórias em Açailândia-MA no tempo presente, o
historiador do Instituto Federal do Maranhão (IFMA) Fagno Soares
explica o que é o trabalho escravo contemporâneo e traça um perfil dessa
prática existente principalmente no Sul do Maranhão. Mestre em Histó-
ria do Brasil pela Universidade Federal do Piauí (UFPI), desde 2010 ele
investiga a vida de trabalhadores escravizados em municí- pios
maranhenses e no Pará e relata algumas das violações típicas cometidas
por empregadores de mão de obra escrava, principalmente em carvoarias.
Fagno Soares mostra que, em algumas carvoarias de
Açailândia, os trabalhadores são obrigados a viver em alojamento
precário, sob péssimas condições de higiene, com indisponibilidade de
água potável. “Moram em barracos improvisados cobertos com lonas no meio
da mata”, disse.
http://imirante.globo.com/oestadoma
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