quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Monocultivos de árvores não são florestas e causam graves problemas ambientais


Organizações de todo mundo alertam neste 21 de setembro, Dia Internacional de Luta contra os Monocultivos de Árvores, sobre a fome, a miséria, a erosão do solo, os conflitos territoriais, a poluição ambiental, a contaminação por agrotóxicos

O ponto principal do debate mundial em 2011 – declarado pelas Nações Unidas como Ano Internacional dos Bosques – é a definição de “floresta”. A proposital confusão entre floresta e monocultivo florestal gera em toda a sociedade certa simpatia pelo plantio de árvores e mascara os problemas causados pelos monocultivos.

Para citar apenas uma diferença, nas florestas há ampla variedade de espécies animais e vegetais, incluindo-se aí os seres humanos, que pela interação com os elementos – água, solo e entre si – podem conservar o ambiente. A variedade simplesmente não existe nos monocultivos empresariais e neles, os homens – especialmente as comunidades tradicionais – estão obrigatoriamente excluídos.

A definição utilizada hoje pela FAO e iniciativas da ONU, como a Convenção Marco sobre a Mudança Climática, bem como inúmeros governos nacionais em suas negociações, programas e políticas colabora para a ampliação desses monocultivos. As modificações no Código Florestal Brasileiro, que agora tramitam no Senado, são um exemplo prático e próximo da importância deste debate.
No Espírito Santo a experiência da Fase é de resistência à expansão dos monocultivos de eucalipto pelo estímulo ao protagonismo das comunidades tradicionais. No norte do estado, indígenas e quilombolas já conseguiram reconquistar áreas antes ocupadas pelo plantio homogêneo de árvores, mas precisam seguir na luta. Para se ter uma ideia dos problemas enfrentados na região, há alertas de grave insegurança alimentar que ameaçam famílias de 39 comunidades quilombolas porque seus territórios ancestrais (não demarcados) foram devastados pelos monocultivos. Hoje as famílias começam a se organizar e reunir conhecimentos tradicionais para recuperar áreas devastadas da Mata Atlântica e também para garantir a produção de alimentos saudáveis com a transição agroecológica.

O Dia Internacional de Luta contra Monocultivos de Árvores é organizado pelo Movimento Mundial pelas Florestas Tropicais (WRM, na sigla em inglês) e na América Latina pela Rede Latino Americana contra o Cultivo de Árvores. A Fase Espírito Santo e a Rede Alerta Contra o Deserto Verde, da qual a Fase faz parte, planejam uma caravana com o Cineclube Deserto Verde que vai percorrer pontos de expansão do eucalipto no norte/noroeste do Estado do Rio de Janeiro e também no vale do Paraíba. A data da caravana e o trajeto ainda não estão fechados, mas devem acontecer na primeira semana de outubro, dando continuidade às atividades internacionais.

O Ministério do Meio Ambiente estima que mais de 6 milhões de hectares no Brasil são ocupados hoje com árvores como pinus, eucalipto e acásia. As plantações abastecem, principalmente, a indústria de papel celulose e a siderurgia. Os planos de expansão assustam: chegaria a 12 milhões de hectares até 2020, especialmente na Bahia, Maranhão e Mato Grosso do Sul. Também no Rio de Janeiro a secretaria do Meio Ambiente já anunciou uma imensa expansão: mais 1,5 milhão de hectares para “neutralizar” a emissão de gases dos megaeventos esportivos.

Por: Fase
www.ecoagencia.com.br

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