quarta-feira, 21 de julho de 2010

Degelo em montanhas é principal causa de elevação do nível do mar

O glaciólogo e coordenador-geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS), vai abordar na próxima semana, durante a 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Natal (RN), a contribuição do degelo em regiões polares e em regiões montanhosas para a elevação do nível do mar.


“Nossa maior preocupação hoje é com o degelo em regiões montanhosas, como os Andes, que estão dando a maior contribuição para o aumento do nível do mar”, diz Simões, um dos líderes do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). “A Antártida e a Groenlândia também contribuem com esse fenômeno, mas é só uma porção muito pequena do gelo dessas regiões que está derretendo. O gelo do oceano Ártico está derretendo, mas não afeta o nível do mar”, afirma.

Simões explica que o gelo mais “quente”, situado ao norte da Antártida e ao sul da Groenlândia, é que está derretendo com maior velocidade nas duas regiões polares e ao se desfazer pode contribuir para o aumento do nível do mar. Entretanto, ele representa menos de 1% do volume total do gelo do continente antártico, que concentra 90% de todo o gelo do planeta, e uma pequena fração do gelo da Groenlândia.


De acordo com o especialista, no Ártico, o gelo que está desaparecendo mais rapidamente é o marinho flutuante, que não contribui em volume para a elevação do nível do mar, uma vez que toda a sua massa já está na água. Do ponto de vista climático, entretanto, esse tipo de gelo é importante para manter o equilíbrio térmico no Ártico, por refletir a luz do sol. Quanto menos gelo marinho, mais radiação solar é absorvida pelo oceano. “Esse é um problema muito sério e ainda não temos nenhuma evidência de como a Ártico responderá a essas mudanças nos próximos anos”, diz Simões. “Hoje sabemos que as regiões polares são tão importantes quanto a Amazônia para o sistema climático mundial”, diz. “Quando se mexe na massa de gelo da Terra, há alterações no clima”, explica.

Por: Redação Sociedade Sustentável
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