Na ultimo dia 22/03, especialistas se reuniram no 8º Fórum Mundial das Águas, para falar como as ameaças aos biomas brasileiros podem comprometer o futuro das águas brasileiras. Embora o país seja detentor de mais de 10% da água doce do mundo e possua inúmeros aquíferos, a questão hídrica já passa a preocupar a sociedade brasileira.
Biomas como Amazônia, Caatinga, Pantanal e, principalmente, o Cerrado, o berço das águas brasileiras, correm perigo. O desmatamento é um fator determinante para o assoreamento dos rios amazônicos. “As matas ciliares protegem o rio da erosão e do assoreamento”, explica a representante do Instituto Amazônia Sustentável, Nayandra Pereira.
O Pantanal é um desses biomas que também pede socorro. A região do Pantanal possui um alto potencial hidroelétrico e atualmente 70% é utilizado com expectativa de colocar em funcionamento mais de 100 usinas hidroelétricas e barramentos fluviais. No entanto, conforme alerta a professora da Universidade do Mato Grosso (UNEMAT), Solange Ikeda, essa operação pode findar de vez os rios pantaneiros, ameaçando todo o bioma. “Para funcionar, as usinas alteram os cursos d’água, os meandros dos rios que são fundamentais para que seja mantido o ciclo natural do Pantanal, de cheia e vazão”, esclarece Ikeda.
Um destes exemplo foi o que aconteceu no dia 29 de setembro de 2002, a cidade de Jauru parecia viver um velório ante às montanhas de escamas brilhantes formadas pelos peixes. Eles estavam amontoados não pela destreza dos pescadores que vivem há gerações daquelas águas, mas sim porque não havia mais nada além do leito seco. Em pleno Pantanal brasileiro, uma das maiores áreas úmidas do mundo, um rio outrora caudaloso e cheio de vida secou. Isso ocorreu quando a Usina Hidrelétrica de Jauru fechou as comportas, estancando todas as fontes que davam vida àquele rio.
Áreas Protegidas podem ser a solução
Para proteger os rios dessas ameaças, as áreas protegidas cumprem um papel importante ao frear o avanço do desmatamento e por consequência a erosão que compromete os rios. Também resguardam os pontos de penetração da água dos aquíferos subterrâneos e garantem a continuidade das atividades de pesca e extrativismo das populações tradicionais.
Para o diretor de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial do ICMBio, Claudio Maretti, é preciso também pensar no potencial das águas durante o processo de criação das unidades de conservação. “Temos conceitos e práticas para criar e gerir UCs, mas eles são essencialmente terrestres. Fizemos algumas adaptações para o mar, mas precisamos pensar nisso para os ecossistemas fluviais”, elucida Maretti. “Usar a convenção RAMSAR, por exemplo, é uma oportunidade para aprimorar nosso conhecimento sobre sistemas de água doce”, pontua.
Ramilla Rodrigues
ramilla.rodrigues@icmbio.gov.br
ICMBIO
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