GUERREIRA DE UMA VIDA INTEIRA
Num raro registro, a Irmã Ani Caroline Wihbey, da Congregação Notre Dame de Namur (reconhecidas por sua atuação social, como a mártir Dorothy Stang, assassinada em razão de sua luta pelos povos da Amazônia), fala um pouco sobre sua jornada no Maranhão, iniciada junto às comunidades da Ilha de São Luís ainda nos anos 1970. O depoimento e a vida de luta da Irmã Ani é de valiosa contribuição para entender e resistirmos às ideias daqueles que querem transformar São Luís num polo industrial, em que entre os poucos beneficiados com isso estão os políticos que defendem esse "desenvolvimento". O que ela conta - e vive - reforça a necessidade imediata de criação da Reserva Extrativista de Tauá-Mirim na Ilha do Maranhão. A conversa, que ainda terá alguns trechos divulgados mais à frente, aconteceu na Casa das Águas do Taim, na área da Reserva. Irmã Ani aceitou gravar o depoimento durante encontro entre lideranças comunitárias e apoiadores da Resex, que lutam para que ela seja imediatamente implantada, já que o processo foi concluído e chegou a ser anunciada algumas vezes pelo Governo Federal. Irmã Ani acompanha ativamente esta batalha. VIDA INCANSÁVEL DE LUTA - Irmã Ani acompanhou e participou da luta contra a instalação da Alcoa em São Luís, no final dos anos 1970. A implantação da Fábrica, denominada Alumar, dizimou várias comunidades da Ilha, adoeceu parte da população e teve o processo de resistência contra o empreendimento duramente combatido pelos governantes. Irmã Ani viu aparecer entidades de luta nesse processo, como o Comitê em Defesa da Ilha, que reuniu a população e figuras de destaque à época, e a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, destacada no combate às violações da dignidade humana. A luta de Irmã Ani segue até hoje, acompanhando de perto várias parcelas da população, destacando-se na defesa da comunidade do Cajueiro, ameaçada pela ganância de grandes conglomerados industriais e seus parceiros políticos, e na luta pela imediata criação da Reserva Extrativista de Tauá-Mirim Irmã Ani, que prefere atuar que gravar depoimentos, aceitou conversar, e chamou Viviani Vazi, assessora da CPT, para participar do diálogo (como dissemos, mais trechos da conversa serão posteriormente divulgados). Da conversa, destacamos alguns pontos apresentados por esta incansável lutadora de 90 anos: Ela destacou a importância da realização do Seminário Carajás 30 Anos, que aconteceu ano passado em Marabá e Belém (no Pará), e em São Luís, Imperatriz e Santa Inês (no Maranhão), tratando dos processos de resistência contra os projetos de grande impacto na Amazônia Oriental. Entretanto, ela fala que os ataques às comunidades e ao meio ambiente não se iniciaram há trinta anos, mas há bem mais tempo. Ela desvenda como os ditos projetos de desenvolvimento afetam as vidas das comunidades de São Luís: "Antes de 1979 começamos a ajudar as comunidades a entender como a gente de fora chegava para tomar uma parte da ilha para construir fábricas". Ela conta que esse tipo de atuação contra a população local é um processo mais longo, que remetia a até mesmo antes dos anos 1950 (e que perdura até hoje). Ela rememora os alertas que vêm sendo dados há muito tempo contra esses ataques ao meio ambiente e às pessoas, como os estudos que atestavam a porosidade do solo da Ilha. Segundo ela, as pesquisas indicavam que o solo não suportaria o peso dos projetos que estavam previstos: "Uma ilha tropical não suporta esse tipo de peso, e isso vai destruir a ilha", conta. Ela lembra que "quando começamos a luta contra a Alcoa, chegou também a Eletronorte e começou a desmatar". Com o avanço desses projetos sobre a Ilha, o adoecimento da população aprofundou-se, e a luta pela saúde dos afetados pelos grandes projetos segue até hoje, com a denúncia de que os órgãos públicos responsáveis não registram os casos relacionados ao aumento da poluição e da degradação do meio ambiente na capital. "A gente só fala de meio ambiente, mas o que quer dizer meio ambiente? É algo que afeta a todos, e aos direitos humanos, e temos o direito de viver com dignidade. Saúde, o que é? é a felicidade e a vida com dignidade". Extraido do facebook: Pela criação da Reserva Extrativista do Tauá-Mirim, no Maranhão https://www.facebook.com/video.php?v=1032802333400799 |
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