quinta-feira, 1 de março de 2012
Vida de pescador
O ofício da pesca traz satisfação a Antônio Faustino, mas a renda retirada desta atividade não contempla as despesas do dia-a-diaO dia começa cedo. Às cinco da manhã as redes de pesca já estão no barco preparadas para mais um dia de pescaria que dependendo da maré só termina ao meio dia. Assim é a rotina de Antônio Faustino de 25 anos pescador desde os nove.
Morador do bairro Ilhinha, ele divide o pequeno casebre com mais 12 familiares que têm na pesca o único sustento da família.
Em conversa com O Imparcial, Antônio revelou que embora a renda seja pouca é muito feliz no que faz, ele ganha cerca de R$ 200 por mês e tem que dar conta das despesas da casa junto com o pai, pescador antigo da região. "Foi meu pai que me ensinou a pescar e desde então nunca mais parei", disse.
Quando não está no mar, Antônio faz serviços como ajudante de pedreiro mas segundo ele não é sempre que aparece. Enquanto a reportagem conversava com o pescador ele tirava pequenos peixes presos à rede vindos da pescaria do dia, que mais tarde fariam parte da principal refeição do dia.
Antônio disse que pesca não só para o sustento familiar mas também para a venda, que faz na vizinhança e para revendedores de peixe. "No período da Semana Santa a renda sempre aumenta, porque a gente pesca peixes maiores para vender para os comerciantes do mercado do peixe", completou. Quando a maré 'está para peixe', Antônio e seus companheiros de pesca voltam para casa com as redes cheias de peixe, mas quando não, "o melhor mesmo é pensar que amanhã é um novo dia", disse envergonhado com a reportagem.
O ofício também reserva seus dias ruins e perigosos. "O mar às vezes não está calmo para a pesca e assim fica difícil voltar para casa sem bons resultados na rede", contou. Quando pela manhã a maré não está propícia para a atividade a alternativa é esperar o tempo do mar para quem sabe na parte da tarde fazer uma boa pescaria. Em tempos de mar agitado a pequena embarcação utilizada por Antônio balança muito, o que aumenta o risco de algum acidente no mar. Embora a atividade seja um tanto perigosa, o pescador agradece por nunca ter acontecido um acidente grave com ele, os companheiros e a embarcação. "Todo dia antes de sair para o mar fazemos orações para que Deus nos proteja e nos dê bons resultados na pescaria do dia", contou.
Com o ar de simplicidade e com feições de muita timidez, Antônio foi aos poucos revelando a satisfação de poder pescar o alimento que irá para a mesa de milhares de pessoas que ele nem imagina. "Fico muito satisfeito em poder fazer essa atividade e fico pensando como para toda atividade existe uma pessoa responsável, se não fossem os pescadores, não haveria peixe na mesa das pessoas", disse.
O pescador revelou que o tempo para a diversão familiar é pouca, mas quando acontece é sempre bem aproveitada. Ele tem apenas uma filha, mas não esconde o desejo de ter mais. Em idas ao centro da cidade junto com a esposa e a filha, Antônio procura fazer algumas da vontade da família para que a vida fique mais leve e diz ser um momento importante para o convívio familiar. Antônio finalizou dizendo que na vida que vive não há nada de especial, diferente nem inusitado ele apenas procura viver os dias com simplicidade e com o que ele sabe fazer de mais importante para garantir o sustento e o bom convívio com os familiares.
Falta apoio
Depois do carnaval a espera da maioria das pessoas é pelo feriado da semana santa. Para muitos a data representa um momento de reflexão pela morte e ressurreição de Cristo, para outros é apenas um feriado prolongado que serve para reunir familiares com a tradição de não comer carne vermelha nas quartas e sextas-feiras. De acordo com Raimundo Serra pescador e presidente do Sindicato dos pescadores a procura por peixes e outros frutos do mar aumenta nessa época.
Ele afirmou que o preço do produto precisaria ser tabelado para evitar a alta excessiva no preço do pescado. "Agora o quilo do peixe está em torno de R$17 mas próximo ao feriado o preço do produto pode chegar aos R$ 32", disse. Raimundo explicou que a alta excessiva dos preços não é interessante para ninguém já que tende a sair caro tanto para quem compra quanto para quem revende o peixe. Ainda de acordo com ele a alta dos preços se dá pela falta de interesse dos governantes responsáveis que não entram em acordo para tabelar os preços evitando preços exorbitantes. Mesmo com a dificuldade, Raimundo acredita que as expectativas de vendas para esse ano sejam melhores que as do ano passado que segundo ele foram razoáveis. Ao todo são cerca de 3200 pescadores associados ao sindicato que comercializam produtos entre mariscos e peixes.
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