Nível do mar, inundações, atividades litorâneas e erosão do solo são avaliados por pesquisador espanhol.
A zona costeira é afetada diretamente pelo nível do mar, inundações, atividades litorâneas e erosão do solo. Depois de três anos de estudo desses efeitos no litoral de países da América Latina e Caribe, o professor da Universidade de Cantabria (Espanha), Iñigo Losada Rodriguez, apresentou, nesta segunda-feira (24/06), na sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), em Brasília, os resultados da pesquisa na palestra “Metodologia, ferramentas e bases de dados para a avaliação dos impactos das mudanças climáticas nas zonas costeiras da região de América Latina e Caribe”.
A atividade, parte da cooperação entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal), reuniu especialistas e técnicos da área, interessados em conhecer a experiência desenvolvida pelo professor espanhol. “A nossa expectativa é ampliar informações sobre o cenário climático e atividades que afetam diretamente o clima, pensando que os aspectos ambientais de hoje podem ser alterados no futuro”, destacou o diretor do escritório da Cepal no Brasil, Carlos Mussi. Para ele, a iniciativa garante um amplo intercâmbio de informações entre os participantes.
RESULTADOS
A pesquisa de Losada, desenvolvida em parceria entre o Instituto de Hidráulica da Universidade de Cantabria e a Cepal, analisou 72 mil km da costa. “Verificamos as alterações detectadas na dinâmica costeira e a influência da variabilidade climática na vulnerabilidade costeira da América Latina e Caribe, com a previsão dos impactos e riscos previstos para o futuro da região”, apontou Losada. Segundo ele, a proposta do estudo é fornecer informações para elaboração de políticas de desenvolvimento econômico e sustentável para a região que considerem a análise de riscos das mudanças climáticas.
Ele apresentou os impactos considerados, que foram: inundação permanente e temporária, erosão, atividade portuária, segurança de obras, branqueamento dos corais, entre outros. “Para inundação, por exemplo, o desafio era obter uma série temporal horária de nível do mar”, citou. Assim, foi feita uma análise de componentes e a partir dela, calculou-se a cota de inundação para um nível da água com período de recorrência de 500 anos. Os resultados principais incluíram a inundação costeira em função do aumento do nível do mar, para a qual a distribuição de população na costa foi o fator de maior peso.
Outra verificação da pesquisa é que o peso relativo da franja costeira (área ocupada na costa) é maior em países insulares, enquanto que em número de pessoas destacam-se o Brasil, o México e a Argentina. “Quanto à erosão de praias, apesar de se mostrar generalizada, foi observado que a diversidade de praias gera potenciais impactos distintos”, acrescentou.
Outro ponto destacado é a alteração na altura e direção de ondas, que pode provocar erosão por mudança no perfil. Além disso, explica, as praias têm dualidade funcional: servem para recreação e defesa da costa, de maneira tal que as taxas de erosão alteram a sua vulnerabilidade. No que se refere a obras e portos, é possível calcular probabilidades de falhas em função de eventos extremos.
Os resultados numéricos do estudo estão disponíveis no link: www.c3a.ihcantabria.com
sexta-feira, 28 de junho de 2013
Gestão marinha e costeira
Atualização e aprimoramento norteiam debate científico em São Paulo
Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm) promovem, nesta quinta e sexta-feiras (27 e 28/06), em São Paulo, o debate Oceanos e Sociedade 2013. A iniciativa faz parte das comemorações dos 25 anos do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, e busca promover diálogo entre institutos de pesquisas, órgãos governamentais, iniciativa privada e sociedade civil organizada para avaliação e discussão do processo de gestão costeira no país.
No Brasil, a legislação que marca o Plano Nacional de Gerenciamento é a Lei 7.661, de 1988. “A celebração desses 25 anos marca também a importância da atualização e análise de como vem sendo feita a gestão costeira e o que precisa ser aprimorado”, explica a responsável pela Gerência Costeira da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Leila Swerts. Segundo ela, análises paralelas à agenda, como a Política Nacional de Recursos Hídricos e Política Nacional de Resíduos Sólidos também fazem parte dos debates e devem garantir contribuições ao tema costeiro.
PROGRAMAÇÃO
Quatro grandes debates marcam a programação do Oceanos e Sociedade 2013. Na manhã desta quinta, aconteceu o Painel 1: Marco legal e arranjos institucionais, tendo como moderador o professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Milton Asmus. Ainda nesta quinta, no período da tarde, o Painel 2 abordará instrumentos de gestão e processo de implementação e avaliação e o moderador será o professor Marcus Polette.
Na manhã desta sexta (28/06), o evento 3 tratará do papel do Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro (Gi-Gerco) na articulação das políticas setoriais na zona costeira, sob moderação do chefe de Gabinete de Secretaria de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Paulo Rogério. No período da tarde e encerrando os debates, está previsto o Painel 4: O planejamento da ocupação do espaço costeiro e marinho, com o diretor do Departamento de Zoneamento Territorial da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Adalberto Eberhard.
Ministério do Meio Ambiente (MMA), Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (Cirm) promovem, nesta quinta e sexta-feiras (27 e 28/06), em São Paulo, o debate Oceanos e Sociedade 2013. A iniciativa faz parte das comemorações dos 25 anos do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, e busca promover diálogo entre institutos de pesquisas, órgãos governamentais, iniciativa privada e sociedade civil organizada para avaliação e discussão do processo de gestão costeira no país.
No Brasil, a legislação que marca o Plano Nacional de Gerenciamento é a Lei 7.661, de 1988. “A celebração desses 25 anos marca também a importância da atualização e análise de como vem sendo feita a gestão costeira e o que precisa ser aprimorado”, explica a responsável pela Gerência Costeira da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Leila Swerts. Segundo ela, análises paralelas à agenda, como a Política Nacional de Recursos Hídricos e Política Nacional de Resíduos Sólidos também fazem parte dos debates e devem garantir contribuições ao tema costeiro.
PROGRAMAÇÃO
Quatro grandes debates marcam a programação do Oceanos e Sociedade 2013. Na manhã desta quinta, aconteceu o Painel 1: Marco legal e arranjos institucionais, tendo como moderador o professor da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) Milton Asmus. Ainda nesta quinta, no período da tarde, o Painel 2 abordará instrumentos de gestão e processo de implementação e avaliação e o moderador será o professor Marcus Polette.
Na manhã desta sexta (28/06), o evento 3 tratará do papel do Grupo de Integração do Gerenciamento Costeiro (Gi-Gerco) na articulação das políticas setoriais na zona costeira, sob moderação do chefe de Gabinete de Secretaria de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Paulo Rogério. No período da tarde e encerrando os debates, está previsto o Painel 4: O planejamento da ocupação do espaço costeiro e marinho, com o diretor do Departamento de Zoneamento Territorial da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do MMA, Adalberto Eberhard.
SOPHIA GEBRIM
MMA prepara dez cursos a distância para estimular formação de gestores e educadores ambientais pelo país
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) promoverá dez cursos a distância com o intuito de ampliar o direito ao meio ambiente saudável, por meio do compartilhamento de informações com a sociedade e da formação de gestores e educadores ambientais pelo país. A meta é capacitar 10 mil pessoas até o final do ano. Os cursos são organizados pela Secretaria de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental (SAIC), em parceria com a Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano (SRHU), a Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEDR) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). “A proposta é de utilizar a educação a distância como um instrumento que contribua com a implantação das políticas públicas do MMA”, destaca o diretor do Departamento de Educação Ambiental (DEA) Nilo Diniz. Os cursos abordarão temas como a IV Conferência Nacional de Meio Ambiente; Formação de Agentes e Educadores Ambientais na Agricultura familiar; Educação Ambiental e Comunicação Social para a gestão de Resíduos Sólidos; Crianças e o Consumo Sustentável; Estilos de Vida Sustentáveis; Sustentabilidade na Administração Pública e Igualdade de Gênero e Desenvolvimento Sustentável. O primeiro curso que está em andamento é o de capacitação para a conferência. Mais de 800 pessoas já estão fazendo o curso. Interessados podem se inscrever aqui.
MAIS OPORTUNIDADES
Em julho, será ofertado o curso Programa Nacional de Capacitação de Gestores - Água, uma parceria do Departamento de Gestão Estratégica (Sisnama) do MMA com a Agência Nacional de Águas (ANA). O objetivo é disseminar conhecimentos e capacitar gestores, servidores ambientais e membros de comitês de bacias hidrográficas.
Três cursos também oferecidos pela ANA estão na reta final, suas inscrições encerram no dia 27 de junho. No total, são oferecidas duas mil vagas para as seguintes capacitações gratuitas: Comitê de Bacia: o que é e o que faz (900 vagas), Comitês de Bacias: Práticas e Procedimentos (900 vagas) e Codificação de Bacias Hidrográficas pelo Método de Otto Pfafstetter (200 vagas). Para se inscrever, acesse aqui. Os três cursos contam com uma carga de 20 horas e têm início marcado para 1º de julho
Por TINA OLIVEIRA - Ascom/MMA
Fonte: http://www.mma.gov.br
MAIS OPORTUNIDADES
Em julho, será ofertado o curso Programa Nacional de Capacitação de Gestores - Água, uma parceria do Departamento de Gestão Estratégica (Sisnama) do MMA com a Agência Nacional de Águas (ANA). O objetivo é disseminar conhecimentos e capacitar gestores, servidores ambientais e membros de comitês de bacias hidrográficas.
Três cursos também oferecidos pela ANA estão na reta final, suas inscrições encerram no dia 27 de junho. No total, são oferecidas duas mil vagas para as seguintes capacitações gratuitas: Comitê de Bacia: o que é e o que faz (900 vagas), Comitês de Bacias: Práticas e Procedimentos (900 vagas) e Codificação de Bacias Hidrográficas pelo Método de Otto Pfafstetter (200 vagas). Para se inscrever, acesse aqui. Os três cursos contam com uma carga de 20 horas e têm início marcado para 1º de julho
Por TINA OLIVEIRA - Ascom/MMA
Fonte: http://www.mma.gov.br
segunda-feira, 24 de junho de 2013
Bioma marinho é o menos protegido por unidades de conservação
Apenas 1,6% da área possui algum tipo de restrição à exploração no país
Parque Natural do Superagui, em Guaraqueçaba (PR), criado em 1989, é uma das 59 unidades de conservação federais marinhas do Brasil, e tem área de 33.860 hectáres (Foto: Divulgação/Nelson Yoneda)De seus 3,6 milhões de km², apenas 1,6% do bioma marinho brasileiro é protegido por unidades de conservação. Em 2010, o país se comprometeu com as Metas de Aichi, que definem, entre outros objetivos, que até 2020 as nações signatárias devam ter pelo menos 10% de suas Zonas Econômicas Exclusivas (ZEE) protegidas
As Metas de Aichi foram adicionadas aos compromissos relativos à Convenção da Diversidade Biológica, documento elaborado durante a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992 (ECO-92). As ZEEs compreendem a área das águas territoriais, onde o país possui soberania total, e a faixa sobre a qual cada nação tem o direito de exploração comercial exclusiva.
Para o coordenador do Programa de Criação de Unidades de Conservação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) Marcelo Cavallini é possível chegar ao objetivo dos 10% nesses próximos 7 anos. “O grande desafio é conseguir negociar e harmonizar interesses com outros setores, tais como pesca e petróleo e gás”, afirma.
Segundo ele, a expectativa é de que, nos próximos 2 anos, a área protegida dobre. O tempo médio para a criação de novas unidades é de 4 anos, mas essa demora varia de acordo com o tamanho, grau de complexidade da região e a quantidade de interesses envolvidos.
Em primeiro lugar, são feitos estudos de importância biológica e de aspectos socioeconômicos, que apontam todos os usos que se faz ou se pode fazer da área demarcada. A partir daí, o ICMBio inicia um período de discussões com os envolvidos. Cada etapa dura 2 anos, em média.
O processo também inclui a regulamentação a que a região será submetida. A princípio, é definido se a unidade de conservação será de proteção integral, onde se pode haver turismo, pesquisas científicas, o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico, ou de uso sustentável, que permite o desenvolvimento (dentro das regras estabelecidas) de algumas atividades econômicas baseadas no uso ou exploração dos recursos naturais. Marcelo ressalta, entretanto, que essas últimas estão sujeitas a regulamentos restritivos, que podem, por exemplo, impedir as ações em determinados setores da área.
Dentro dos grupos de proteção integral e uso sustentável há diversas categorias, adequadas a casos específicos. Quando a unidade é estabelecida, sua administração (que inclui a proteção) fica a cargo ou das secretarias estaduais de Meio Ambiente ou, no caso das federais, do ICMBio. Se o território for de interesse específico das Forças Armadas, a gestão é compartilhada com a Marinha.
Para Marcelo, algumas razões podem ser apontadas para explicar por que o bioma marinho é, proporcionalmente, o que menos possui áreas de conservação no Brasil. “Não é simples determinar isso, mas eu diria que um dos pontos que influenciaram o quadro foi o fato de que os danos ao meio ambiente em terra ficam muito mais visíveis para a população e, até em consequência disso, para o poder público”, diz.
Outro ponto importante, segundo o coordenador, foi a prioridade dada durante muito tempo às ações de preservação apenas no Mar Territorial. “Nessas primeiras 12 milhas da costa, a proporção da área em unidades de conservação fica em torno de 20%”, destaca. “Hoje, entretanto, o cuidado com toda a ZEE é uma preocupação mundial, da qual o Brasil também faz parte”, completa.
http://redeglobo.globo.com
Brasil tem até 2020 para ampliar proteção marinha em cinco vezes
País é signatário da Convenção sobre Diversidade Biológica desde 92, mas pouco comprometimento coloca o acordo internacional em risco
Menos de 2% dos corais brasileiros estão protegidos atualmente, segundo o Ministério do Meio Ambiente
(Foto: Thinkstockphotos/Getty Images)
(Foto: Thinkstockphotos/Getty Images)
O Brasil é considerado megabiodiverso. Para proteger tamanha variedade de formas de vida, o país assinou a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), que estabelece diretrizes e metas para preservação do meio ambiente na terra e no mar. No entanto, leis muito permissivas e pressão do agronegócio trazem mais retrocesso do que evolução.
Professor de Direito Ambiental na Universidade Católica de Santos, Vladimir Garcia Magalhães, já trabalhou na Secretaria de Estado de Meio Ambiente de São Paulo com objetivo de alcançar as metas da CDB. Hoje, porém, vê com pessimismo as condições de preservação no Brasil.
“A convenção está sem efetividade, particularmente no Brasil. Com a aprovação do novo Código Florestal, então, ficou pior. A pressão do agronegócio sobre a biodiversidade é enorme”, lamenta o professor. Ele lembra ainda que mesmo do ponto de vista econômico a devastação é prejudicial. Remédios produzidos a partir de proteínas animais, conta, poderiam render bilhões de dólares à indústria farmacêutica, mas estes medicamentos podem nunca ser descobertos porque espécies desaparecem sem que ao menos sejam pesquisadas.
A CDB, elaborada no Rio de Janeiro durante a ECO 92, foi assinada pelo Brasil e ratificada depois. Mais de 160 países são signatários do acordo, mas, segundo Magalhães, o não comprometimento do Brasil ameaça toda a convenção, devido à relevância da nossa biodiversidade. “O Brasil é fator chave. E como a CDB não impõe sanções, ficou uma norma internacional que não tem efetividade nem atinge seus objetivos”, sentencia o especialista.
Apesar do pessimismo de Magalhães, o Ministério do Meio Ambiente tem trabalhos para implementar a CDB. Das 51 metas estabelecidas para 2010, porém, apenas duas foram integralmente cumpridas; e quatro foram atingidas parcialmente.
CDB prevê proteção de 17% de áreas terrestres
(Foto: Arquivo MMA/Eraldo Peres)
(Foto: Arquivo MMA/Eraldo Peres)
Além dos já conhecidos na terra, o Brasil abriga ainda outro ecossistema fundamental para manutenção da biodiversidade no mundo, os recifes de corais. Paulo Rogério Gonçalves, chefe de gabinete da Secretaria de Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (MMA), ressalta a importância do litoral: “Os ambientes costeiros, como lagunas, praias, dunas, restingas, estuários, manguezais e recifes de coral, contêm a maior parte da biodiversidade disponível no planeta.”
E a responsabilidade do Brasil no cuidado com o mar não é pequena. “Nós concentramos a maior porção contínua de manguezais do mundo. E os únicos ambientes recifais do Atlântico Sul estão aqui”, explica o dirigente.
Em 2010, uma conferência sobre a CDB estabeleceu novos objetivos a serem alcançados até 2020, em um documento que ficou conhecido como Metas de Aichi. Até o fim do prazo, os países devem ter protegidas pelo menos 17% de suas áreas terrestres e águas continentais, e 10% das zonas costeiras e marinhas.
A meta realista do ministério é elevar a proteção dos mares para 5% das águas nacionais até 2018. Hoje ela é de menos de 2%. O desafio, segundo Gonçalves, é assegurar a sustentabilidade financeira da preservação.
Carlos Scaramuzza, diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, acredita que trabalho integrado e discussões amplas com a sociedade sejam o caminho mais adequado para se agir em prol da preservação. “Estamos elaborando mapas que identificam as maiores ameaças à biodiversidade no Brasil. Há 28 ministérios fazendo levantamento dessa informação. Assim podemos saber o que pode ser feito e o que contribui para atingir as metas”, explica.
Com os mapas prontos, o ministério espera poder agir de maneira mais específica e eficiente para combater as ameaças à biodiversidade no Brasil. Mas a corrida contra o tempo é cada vez menos favorável para a preservação.
60% do pescado consumido no Brasil é produzido em outros países
Cultura de pesca, preços e dificuldade de transporte explicam esta taxa
Com 8,5 mil quilômetros de costa, além de uma infinidade de rios e lagos, que correspondem a 13,7% da água doce do mundo, o Brasil concentra uma gigantesca biodiversidade aquática, conferindo ao país um grande potencial pesqueiro. Apesar disso, 60% dos peixes que os brasileiros consomem são importados de outros países da América do Sul, Ásia e Europa. Diversos fatores, desde a cultura de pesca no país, até dificuldades de transporte ajudam a explicar por que esse fenômeno acontece.
O salmão é uma das principais espécies de peixe
importadas (Foto: Divulgação/RBS TV)
importadas (Foto: Divulgação/RBS TV)
Laurent Viguié, diretor do Marine Stewardship Council Brasil, órgão responsável pela certificação do peixe vendido no país, conta que os principais peixes importados são o salmão, do Chile; a polaca, pescada no Oceano Pacífico e processada na China; o peixe-panga, do Sudeste Asiático; e o bacalhau, pescado no Atlântico Norte.
Laurent explica que o consumo do bacalhau é alto pela cultura herdada de Portugal. Como o peixe não ocorre na costa brasileira, é preciso comprá-lo de produtores do Atlântico Norte. O mesmo ocorre com o salmão, que é produzido nas águas geladas da costa chilena. O que o diretor não consegue entender é a preferência pela polaca e pelo peixe pangua. “A preferência por esses peixes é difícil de explicar, uma vez que a costa brasileira tem espécies de melhor qualidade”, comenta.
Viguié levanta algumas teorias para explicar essa preferência. A primeira se refere à dificuldade e aos altos custos do processamento e transporte do peixe no Brasil. “É mais fácil uma rede de supermercados importar um peixe cortado e embalado do que comprar a pescada branca do Nordeste”, avalia. Essa dificuldade se deve aos custos altos cobrados pelos frigoríficos brasileiros, além das condições ruins das estradas e o transporte aéreo, que é muito caro dentro do país. “No interior, o consumidor prefere peixes em filé, sem espinha. Então é muito mais fácil importar peixes processados na China”, justifica.
Cultura de pesca no Brasil
Laurent destaca que a cultura de pesca no Brasil colabora para essa realidade. “80% da pesca no país é artesanal”. Por não realizarem uma atividade industrial, esses pescadores não possuem frigoríficos próximos, além de estrutura para o armazenamento dos peixes. Esses problemas impedem um transporte maior dessa carne para os principais mercados consumidores do Brasil: São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
Para o Ministério de Pesca e Aquicultura, a atividade foi planejada tardiamente no Brasil. Enquanto pesquisas para melhores grãos e gado são desenvolvidas há algumas décadas, as pesquisas para melhorar a pesca no país são recentes. O próprio Ministério da Pesca e Aquicultura foi criado em 2009, enquanto o da Agricultura existe desde 1860.
De acordo com o ministério, existem cerca de 1 milhão de pessoas que dependem da pesca para viver no Brasil. Desde 2003, o governo realiza cursos de especialização com esses pescadores, além de alfabetização e da criação de telecentros, que levam internet para as comunidades pesqueiras. Mas ainda não é o suficiente. Laurent destaca que as dificuldades que os pescadores enfrentam para vender seu produto os fazem cada vez mais pobres. “Seus filhos têm cada vez menos futuro na indústria da pesca. Drogas, como o crack estão se tornando um problema real nessas comunidades”, alerta. O diretor afirma que o governo precisa investir mais na área, para dar algum futuro a essas pessoas.
Criação de peixes
Para aumentar a participação de peixes brasileiros nas mesas do país e melhorar as condições de vida dos pescadores, o governo está apostando na aquicultura. Não só peixes, mas mariscos, camarões e outros animais poderiam ser criados na costa, rios e lagos brasileiros. O ministério destaca que relatórios da ONU apontam que a pesca atingiu o limite, mas o consumo de peixes e mariscos não para de crescer no mundo.
Nos últimos anos, o potencial brasileiro para a aquicultura começou a ser explorado. Atualmente, cinco, das 200 grandes represas do Brasil tiveram parte de sua área destinada à produção de peixes. Estados estão simplificando a legislação para que produtores criem peixe em suas fazendas. Anteriormente, um fazendeiro precisava de uma autorização para isso, que chegava a demorar cinco anos para ser emitida. Hoje, estados como São Paulo, não exigem mais autorização para fazendas que destinem até 5 hectares para produção de peixes. E a tendência é que a medida se espalhe para outras regiões do Brasil.
sábado, 22 de junho de 2013
FAO destaca vínculo inseparável entre alimentação e água
Roma, Itália, – Como a água e a alimentação são coisas que estão estreitamente ligadas, há um perigo latente de que, se a primeira escassear, a segunda faltará. A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) destacou os fortes vínculos entre os dois temas, ao assinalar que a produção rural responde por mais de 70% do uso da água no mundo.
Em um informe divulgado em Roma – onde realiza sua 38ª Conferência Bianual, que começou no dia 15 e terminará amanhã – a FAO alertou que a parte da água disponível para a agricultura cairá em 40% até 2050. Sua projeção se baseia em estatísticas da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE), que tem entre seus integrantes os países mais industrializados.
A disponibilidade de água potável mostra uma tendência semelhante à das terras: há recursos suficientes em nível mundial, mas distribuídos de forma desigual. Entretanto, em um número cada vez maior de países ou partes destes, há escassez de água, segundo a FAO. Devido à sua vulnerabilidade, as áreas costeiras, a bacia do Mediterrâneo, os países do norte da África e da Ásia central parecem ser lugares onde os investimentos em técnicas de manejo de água devem ser considerados uma prioridade quando se trata de promover a produtividade agrícola.
Consultado sobre se o vínculo entre produtividade agrícola e escassez de água é real, Jan Lundqvist, assessor científico do Instituto Internacional da Água de Estocolmo (Siwi), disse à IPS que “sim e não”. Se não há água (por exemplo, nos desertos), não se pode produzir alimentos, afirmou. Mas, acrescentou, a água é um recurso renovável e o ciclo hidrológico continuará no futuro.
O problema é que está cada vez mais difícil, caro e perigoso, segundo Lundqvist, desviar água dos rios e lagos ou extrair a que se encontra nas reservas subterrâneas. “Ao mesmo tempo, com o desenvolvimento econômico, aumenta a demanda de água por habitante”, pontuou. O fato de se necessitar deste recurso para produzir tudo o que o ser humano come ficou claramente ilustrado em uma exposição realizada no Siwi no ano passado.
Naquela ocasião foi explicado que a produção de um hambúrguer médio (duas fatias de pão, carne, tomate, alface, cebola e queijo) consome cerca de 2.389 litros de água, contra 140 litros para uma xícara de café e 135 para um simples ovo. Para um prato de arroz com carne e verduras são necessários 4.230 litros, enquanto um grosso e suculento bife, alimento básico em muitos países do Norte industrializado, consome uma das maiores quantidades de água: aproximadamente sete mil litros.
Vincent Casey, gerente de apoio técnico da organização WaterAid, com sede em Londres, disse à IPS que a agricultura irrigada responde pela maior parte da extração de água em muitos países. A escassez poderia ser prevenida mudando as práticas agrícolas, argumentou. É possível modificar os tipos de cultivos, os métodos de irrigação e as tarifas da água para reduzir a demanda. Mas essas ações exigem compromisso político, o que pode ser difícil de obter, reconheceu.
Para garantir a segurança da água também é necessária uma boa administração dos recursos e dos serviços de fornecimento, como bombas, tubulações e tanques de reserva. A escassez de água já é uma realidade para mais de 760 milhões de pessoas, alertou Casey, em grande parte pela falta de serviços de fornecimento. “Se não tivéssemos represas, tubulações e torneiras na Grã-Bretanha, também sofreríamos escassez”, afirmou.
Para enfrentar a crise do fornecimento será preciso controlar a demanda nas áreas onde os recursos estão mais pressionados, e ampliar a oferta aos lugares onde há dificuldades de acesso. Se existe escassez de água, a produção de alimentos é afetada por muitos motivos, observou Lundqvist. Em primeiro lugar porque outros setores demandam uma boa parte do fornecimento. Com a crescente urbanização, tanto a indústria como as famílias necessitarão de água adicional. “A água está ficando escassa, não só pela redução no volume, como também porque está aumentando a demanda da sociedade”, ressaltou Lundqvist.
Um segundo motivo é que o padrão de chuvas ficará mais alterado devido à mudança climática. A incerteza e os riscos aumentarão para os agricultores. Isto é particularmente problemático para a agricultura que depende da chuva, afirmou Lundqvist. E a situação ficará mais complexa conforme as secas e inundações se tornarem mais frequentes e amplas. Por outro lado, o aumento das temperaturas acelera a evaporação da água, o que também complica para os agricultores.
Nessas circunstâncias, e considerando o fato de que se produz comida suficiente para alimentar de forma adequada toda a população mundial, é vital garantir que esses alimentos cheguem a todos, inclusive aos pobres. Segundo Lundqvist, entre um terço e metade dos alimentos produzidos é desperdiçado ou transformado. Isto significa uma enorme perda de recursos. “Deveremos caminhar bem firme no futuro, assegurando que se produza o necessário, que se possa ter acesso à produção e que esta seja aproveitada”, destacou. Envolverde/IPS
por Thalif Deen, da IPS
I Prêmio Ararajuba de Jornalismo Ambiental
PRÊMIO
A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (Sema) lança nesta quarta-feira (5/6), o Prêmio Ararajuba de Jornalismo Ambiental. Essa iniciativa visa premiar os melhores trabalhos jornalísticos, produzidos por profissionais e estudantes do Maranhão, focados no tema Sustentabilidade. As inscrições do prêmio estarão abertas a partir do dia 20 de junho. O lançamento do I Prêmio Ararajuba de Jornalismo Ambiental é uma das ações da Sema em comemoração ao Dia do Meio Ambiente.
Ao todo serão distribuídos 21 mil reais em prêmios divididos em seis (6) categorias. Cinco delas são destinadas a jornalistas profissionais e uma contempla os acadêmicos de jornalismo. “O nosso objetivo é colocar na pauta dos veículos e profissionais de comunicação a questão ambiental buscando despertar uma nova consciência sobre o assunto, além de disseminar boas práticas de conservação, sustentabilidade e proteção ao meio ambiente, que possam, de forma educativa, contribuir para essa nova consciência”, disse o Secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Naturais do Maranhão (SEMA).
Podem participar do I Prêmio Ararajuba de Jornalismo Ambiental estudantes de Comunicação Social, Jornalismo e/ou Rádio e Televisão, regularmente matriculados em unidades de ensino superior públicas e/ou privadas, sediadas no estado do Maranhão, cursando a partir do 5º semestre e/ou do terceiro ano, conforme o regime adotado pela unidade de ensino e jornalistas com registro profissional e residentes no Estado do Maranhão, por no mínimo 03 (três) anos, cujos trabalhos tenham sido publicados ou veiculados em mídia do estado, no período de 1º de agosto de 2012 a 31 de agosto de 2013.
As inscrições serão iniciadas no dia 20 de junho e encerram-se no dia 20 de agosto de 2013.Não serão aceitos trabalhos enviados após esta data. Se o trabalho (impresso ou eletrônico e em todas as seis categorias) não for assinado ou estiver sob pseudônimo, o participante deverá encaminhar, no ato da inscrição, anexado à ficha de inscrição, para a organização do Prêmio, uma declaração do diretor de redação ou chefe de jornalismo, atestando a veiculação e autoria do mesmo.
Para efeito de avaliação da Comissão Julgadora do Prêmio Ararajuba de Jornalismo, entende-se como Sustentabilidade todo o conjunto de elementos que viabiliza e determina as condições de vida no planeta, em especial o ar, a terra e a água. Serão levadas em conta, nas seis categorias, matérias que registrem denúncias e/ou soluções na luta pela melhoria das condições sociais, ambientais e econômicas no estado e no desenvolvimento de tecnologias ligadas às ciências do meio ambiente no Maranhão, além de boas práticas desenvolvidas por associações comunitárias e por instituições referentes ao tema e/ou histórias de vida de personagens ligados ao tema proposto.
Todas as informações relativas ao I Prêmio Ararajuba de Jornalismo Ambiental podem ser obtidas no edital disponível no site da Sema ou na Assessoria de Comunicação da Sema, das 14h às 18h, pelo telefone: 3194-8900 e faça o download da ficha de inscrição aqui.
“ARARAJUBA”
A Ararajuba é um Psittaciforme da família Psittacidae. Conhecida também como Guaruba, Guarajuba e Tanajuba. Guaruba e Ararajuba derivam do tupi: guará = pássaro, yuba = amarelo; ou Arara = aumentativo de Ará (papagaio)/papagaio grande, yuba = amarelo, que mede cerca de 34cm. No final do século XVI foi mencionada por Fernão Cardin, na Bahia, como uma ave muito valiosa comercialmente.
Segundo a Birdlife International a ararajuba é de biologia e distribuição ainda pouco conhecidas. Estima-se que existam poucos indivíduos na natureza de populações nômades ao longo de rios Amazônicos. A ararajuba apresenta as cores da bandeira brasileira (amarela com as pontas das asas verdes) por isso é considerada a melhor alternativa para ser escolhida como ave nacional.
Procura árvores altas e ocas para construir seus ninhos, dentro de uma câmera profunda que impeça a ação de predadores, como os tucanos. Nesse local, colocam de dois a três ovos que são incubados por aproximadamente 30 dias, não somente pelos pais, mas também por outros indivíduos do bando. Esses “ajudantes” colaboram ainda no cuidado com os filhotes até que se tornem adultos.
Habita a copa de florestas úmidas altas. É bastante social, inclusive, no período reprodutivo, vivendo em bandos de 4 a 10 indivíduos. É, justamente, nas áreas de ocorrência da espécie, que se verificam os mais altos índices de desmatamento na Amazônia para formação de pastagens. Dessa forma, a perda de seu habitat é uma das principais ameaças que colocam em risco a sobrevivência dessas aves. O tráfico de aves silvestres é outro fator que contribui significativamente para redução desses indivíduos na natureza.
Encontrada exclusivamente no Brasil, do leste do Maranhão a sudeste do Amazonas e, principalmente, no Pará, sempre ao sul do Rio Amazonas e leste do Rio Madeira. Há registros pontuais na década de 1990 no nordeste de Rondônia e extremo norte do Mato Grosso (sem mais registros recentes). Ocorre na interface das terras baixas da calha do Rio Amazonas e a borda do Planalto Central (Escudo Brasileiro).
Um gato do mato com pedigree real
O gato-maracajá é encontrado do sul do México, na América Central e norte da América do Sul a leste dos Andes. No Brasil, são encontrados em florestas densas, como a floresta tropical e a floresta de altitude, nas regiões da Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal.
Do mesmo gênero Leopardus que a jaguatirica, o gato-maracajá tem aparência muito semelhante àquele animal, no entanto, sua cabeça é um pouco menor, os olhos maiores, e a cauda e as pernas mais longas. É um felino de pequeno porte, com peso médio de 3,4 kg, comprimento do corpo de 53,6 cm e uma cauda longa, com média de 37,6 cm.
Exímio escalador de árvores, o Leopardus wiedii também tem uma habilidade pouco comum aos felinos: suas patas traseiras têm articulações flexíveis que permitem uma rotação de até 180º, o que lhe dá habilidade de descer de uma árvore de cabeça para baixo, como os esquilos. A destreza com as patas e a cauda longa lhe conferem uma excepcional adaptação à vida arbórea, onde passam a maior parte do tempo.
O período de gestação de 81 a 84 dias produz apenas um filhote. Capaz de viver por 13 anos (20, se mantidos em cativeiro), a espécie tem hábitos essencialmente noturnos e predominantemente solitários. Carnívoros, comem uma grande variedade de presas de vertebrados (mamíferos, aves, répteis e anfíbios), com preferência para pequenos roedores arborícolas e pequenas aves.
A destruição das florestas é a principal ameaça para essa espécie, seguido do tráfico ilegal. Somado a isto, está o pouco conhecimento sobre a biologia da espécie, que limita a possibilidade de estratégias de conservação eficazes. É classificado pela IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza) como espécie “Quase ameaçada” e pelo ICMBio, como Vulnerável.
Rafael Ferreira~
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